A escola a tempo inteiro: um estudo sobre a realidade na escola pública portuguesa

Autores

  • Dora Sofia Ramos Fonseca Universidade de Aveiro
  • Marta Sofia Ramires Marques Universidade de Aveiro

DOI:

https://doi.org/10.18593/r.v46i.26976

Palavras-chave:

Escola a tempo inteiro, Atividades de enriquecimento curricular, Escola pública

Resumo

O Programa “Escola a Tempo Inteiro” foi implantado em Portugal, a partir de 2006, por meio das “Atividades de Enriquecimento Curricular” que, segundo o discurso político-normativo, pretendia aumentar o período de permanência das crianças nas escolas do 1º ciclo do Ensino Básico, de modo a articular o funcionamento da escola com as necessidades das famílias, mas, ao mesmo tempo, proporcionar aos alunos oportunidades para a sua formação global e diversificada. Assim, este trabalho procura não só compreender como as organizações educativas concretizaram, na sua ação, as demandas do poder central, mas também problematizar se as dinâmicas pedagógicas corresponderam às necessidades e interesses das crianças, contribuindo para um desenvolvimento global e equilibrado. Metodologicamente, realizamos a investigação associando a análise documental e a metanálise de estudos sobre a realidade do contexto escolar português ao estudo de caso desenvolvido numa organização educacional (Agrupamento de Escolas Aventura). Concluímos que o Programa “Escola a Tempo Inteiro” se configurou, especialmente, como uma solução para a ocupação dos tempos em que os pais não podem estar com os filhos, não respondendo aos interesses e necessidades efetivos das crianças. A longa permanência na escola em atividades demasiado orientadas não parece contribuir para um tempo pedagogicamente rico, de modo a contribuir para o desenvolvimento global e equilibrado das crianças.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Dora Sofia Ramos Fonseca, Universidade de Aveiro

Professora Doutora da Universidade de Aveiro

Marta Sofia Ramires Marques, Universidade de Aveiro

Mestre em Educação - Universidade de Aveiro

Referências

ARAÚJO, M. J. Crianças ocupadas. Lisboa: Prime Books, 2009.

CARDOSO, M. G. Criando contextos de qualidade em creche: ludicidade e aprendizagem. Tese de doutoramento. Braga: Universidade do Minho, Instituto de Educação, 2012.

CASCAIS, M. G. A.; FACHÍN-TERÁN, A. Educação formal, informal, não formal na educação em ciências. Ciência em Tela, n. 2, p. 1-10, 2014.

COELHO, C.; TRINDADE, R. Actividades de enriquecimento curricular: riscos e potencialidades de uma “Escola a Tempo Inteiro”. Porto: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, 2007.

CORREIA, J. A.; MATOS, M. Solidões e solidariedades nos quotidianos dos professores. Porto: Edições ASA, 2001.

COSME, A.; TRINDADE, R. Escola a tempo inteiro – escola para que te quero? Porto: Profedições, 2007.

FELÍCIO, H. M.; POSSANI, L. F. Análise crítica de currículo: um olhar sobre a prática pedagógica. Currículo sem Fronteiras, v. 13, n. 1, p. 129-142, 2013.

FERREIRA, F. I.; OLIVEIRA, J. Escola e políticas educativas: lugares incertos da criança e da cidadania. Perspectiva, v. 25, n. 1, p. 105-126, 2007.

GOMES, M. et al. Crescer em comunidade: estratégias de educação não formal à descoberta de culturas juvenis. Lisboa: Ministério da Educação, 2002.

LOPES, C. Ludicidade humana – contributos para a busca dos sentidos do humano. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2004.

MACHADO, J.; CRUZ, A. Atividades de enriquecimento curricular no 1º Ciclo do Ensino Básico. Currículo sem Fronteiras, v. 14, n. 1, p. 173-191, jan./abr. 2014.

MOURAZ, A.; VALE, A.; MARTINS, J. Atividades de enriquecimento curricular: o difícil equilíbrio entre a resposta social e a qualidade educativa. Configurações, v. 10, 2012.

NÓVOA, A. Educação 2021: para uma história do futuro. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2009.

PACHECO, J. A. Teorias curriculares: políticas, lógicas e processos de regulação regional das práticas curriculares. Seminário o currículo regional, Açores: Terceira, 2003.

PARDAL, L. A. A escola, o currículo e o professor. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1993.

PEREIRA, M. R. Municípios e educação em Portugal: um processo de "municipalização"? 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências da Educação) – Universidade de Aveiro, Aveiro, 2010.

PIRES, C. A. Construção de sentidos em política educativa: o caso da Escola a Tempo Inteiro. Revista de Ciências da Educação, n. 4, p. 77-86, 2007.

PIRES, C. A. “Escola a Tempo Inteiro” – monopolização de um serviço público de educação pela escola pública e formas de privatização. In: VENTURA, A.; COSTA, J.; NETO MENDES, A. (org.). Escolas, competição e colaboração: que perspetivas? Aveiro: Universidade de Aveiro, 2013.

QUINTANEIRO, A.; MENDONÇA, A.; BENTO, A. A autonomia das escolas básicas do 1.º ciclo com pré-escolar da Região Autónoma da Madeira, da teoria à prática. In: SIMPÓSIO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR, 7., 2012, Aveiro. Anais [...] Aveiro: Universidade de Aveiro, 2012.

RELATÓRIO INTERCALAR DE ACOMPANHAMENTO DE AEC. Actividades de Enriquecimento Curricular. [S. l.: s. n.], 2006. Disponível em: https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Basico/AEC/aec_relatorio_intercalar_2006.pdf. Acesso em: 14 dez. 2020.

ROLDÃO, M. C. Desenvolvimento do currículo e melhoria dos processos e resultados. In: MACHADO, J.; ALVES, J. M. (org.). Melhorar a escola – sucesso sscolar, disciplina, motivação, direcção de escolas e políticas educativas. Porto: Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa, 2013.

SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.

VILHENA, G.; SILVA, M. I. Organização da componente de apoio à família. Lisboa: Ministério da Educação, 2002.

Publicado

30-03-2021

Como Citar

FONSECA, D. S. R.; MARQUES, M. S. R. A escola a tempo inteiro: um estudo sobre a realidade na escola pública portuguesa. Roteiro, [S. l.], v. 46, p. e26976, 2021. DOI: 10.18593/r.v46i.26976. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/26976. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Seção temática: Educação Integral

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.