Variações nas rotinas de um Instituto de Tecnologia e Inovação: adaptações ao contexto e (re)alinhamento de interesses

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18593/race.v17i3.17514

Resumo

Resumo: Neste trabalho pesquisaram-se as razões para variações nas rotinas organizacionais de compras de insumos químicos em um Instituto de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro. Os dados coletados basearam-se em entrevistas com 18 pessoas, na análise de mais de 30 documentos, e em observações empíricas, no período entre agosto de 2015 e janeiro de 2016. Os resultados encontrados sugerem falta de integração, assim como o desalinhamento de interesses e de interpretações entre as áreas envolvidas: são mantidas formas de desempenhar rotinas organizacionais com estruturas, artefatos e fundamentos que podem estar inadequados ao contexto de compras de insumos químicos, que são utilizados em rotinas de análises e ensaios. Logo, apesar de ter havido a criação de novos padrões de ação mais adaptados ao contexto, que  podem propiciar mais agilidade para as rotinas de compra, corroborando com a ideia do potencial generativo e da flexibilidade nas rotinas organizacionais preconizada pela teoria (Pentland & Feldman, 2005; Feldman, 2016), é possível observar que o andamento para a estabilização da nova rotina pode carecer de manifestações de trégua que possibilitem a revisão do uso dos artefatos nas rotinas. No presente trabalho também foram reveladas quatro categorias sobre os fatores motivadores das variações nas rotinas de compras, colaborando, assim, para o campo de estudo da Dinâmica das Rotinas (Routine Dynamics) e da ecologia das rotinas (Feldman, 2016; Howard-Grenville & Rerup, 2017), e, também, para o entendimento sobre o papel dos artefatos nas interações entre rotinas interdependentes e sobre a Trégua (Truce).

Palavras-chave: Rotinas organizacionais. Padrões de ação. Processos institucionais.

Changes on organizational routines on a Technology and Innovation Institute: suit to context and interests (re)alignment 

Abstract: This research sought to understand the motives driving the variations in organizational routines, within the context of chemical procurement for a Technology and Innovation Institute in Rio de Janeiro. This case study was based on 18 interviews and the analysis of more than 30 documents and empirical observations, in the period between August 24, 2015 and January 29, 2016. The results suggest a lack of integration and a misalignment of the interests and interpretations between the areas, thus incentivizing maintaining routines with structures, artifacts and bases inadequate for the context of chemical procurement, which are used in analysis and testing routines. Therefore, despite the creation of new standards of action that are better adapted to the context and can provide streamlining of procurement routines, consistent with the idea of flexibility of organizational routines advocated by the theory (Pentland & Feldman, 2005; Feldman, 2016), it is possible to observe that the progress towards the stabilization of the new routine may lack manifestations of truce that allow the revision of the use of the artifacts in the routines. The present work also revealed four categories on the motivating factors of the variations in the procurement routine, thus collaborating for the field of study of the Routine Dynamics and routines ecology (Feldman, 2016; Howard-Grenville & Rerup, 2017), with the understanding of the role of artifacts in the interactions between interdependent routines and about the Truce.

Keywords: Organizational routines. Patterns of action. Institutional processes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Florence Vidal Perfeito

É Pós-Graduada em Gestão de Negócios com foco em Sustentabilidade, pela Universidade Federal Fluminense, com vivência internacional na Braunschweig University of Technologye, na Alemanha. É Mestre em Administração pela PUC-Rio. Com ênfase em Organizações. Atua em projetos de planejamento e melhoria da gestão e do desempenho organizacional integrado em empresas de grande porte. Atualmente é especialista em planejamento, processos e modelagem de novos negócios na área de tecnologia e inovação em uma Federação de Indústrias, provendo às áreas de negócio o uso de metodologias capazes de ampliar a eficiência da gestão e alinhamento com as estratégias organizacionais.

Samantha Luiza de Souza Broman, PUC/IAG-Rio

Samantha L. S. Broman é doutoranda e mestre em Administração de Empresas -IAG/PUC-Rio. É professora substituta na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), no departamento de Administração. Atua como professora também na UCAM e no IBMEC online na graduação e em MBAs de Administração. Tem interesse em pesquisa nos temas de Rotinas Organizacionais, Competências e Conhecimento Organizacional. Possui 20 anos de experiência corporativa em finanças, em empresas globais.

Sandra Regina da Rocha-Pinto, PUC/IAG-Rio

Sandra Regina da Rocha-Pinto é professora do Departamento de Administração de Empresas - IAG/PUC-Rio, onde também atua no NORTE (Núcleo de estudos e pesquisas em Organizações, Relações de Trabalho e Empregabilidade). É Doutora em Educação e Mestre em Administração de Empresas pela PUC-Rio. Seu interesse de pesquisa situa-se em Aprendizagem / Conhecimento Organizacional, Rotinas organizacionais e Formação de Competências.

Referências

Becker, M. C. (2005). A framework for applying organizational routines in empirical research: Linking antecedents, characteristics and performance outcomes of recurrent interaction patterns. Industrial and Corporate Change, 14(5), 817-846.

Cacciatori, E. (2012). Resolving conflict in problem‐solving: Systems of artefacts in the development of new routines. Journal of Management Studies, 49(8), 1559-1585.

Cherman, A., & da Rocha-Pinto, S. R. (2016). Valoração do conhecimento nas organizações e sua incorporação nas práticas e rotinas organizacionais. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(61).

D’Adderio, L. (2008). The performativity of routines: Theorising the influence of artefacts and distributed agencies on routines dynamics. Research Policy, 37(5), 769-789.

Dosi, G., Nelson, R., & Winter, S. (2000). The nature and dynamics of organizational capabilities. Oxford, United Kingdom: OUP Oxford.

Feldman, M. S. (2003). A performative perspective on stability and change in organizational routines. Industrial and corporate change, 12(4), 727-752.

Feldman, M. S., & Orlikowski, W. J. (2011). Theorizing Practice and Practicing Theory. Organization Science, 22(5), 1240-1253.

Feldman, M. S., & Pentland, B. T. (2003). Reconceptualizing Organizational Routines as a Source of Flexibility and Change. Administrative Science Quarterly, 48(1), 94-118.

Feldman, M. S., & Pentland, B. T. (2008). Routine dynamics. In D. Barry, & H. Hansen (Eds.), The SAGE handbook of new approaches in management and organization. United Kingdom: Sage.

Feldman, M. S. (2000). Organizational routines as a source of continuous change. Organization science, 11(6), 611-629.

Feldman, M. S., Pentland, B. T., D’Adderio, L., & Lazaric, N. (2016). Beyond routines as things: Introduction to the special issue on routine dynamics. Organization Science, (3), 505-513.

Feldman, M. S. (2004). Resources in Emerging Structures and Processes of Change. Organization Science, 15(3), 295-309.

Feldman, M. S. (2016). Routines as process: Past, present, and future. In J. Howard-Grenville, C. Rerup, A Langley, & Tsoukas (Eds.), Organizational Routines: How They Are Created, Maintained, and Changed. Oxford University Press, 23-46.

Gersick, C. J., & Hackman, J. R. (1990). Habitual routines in task-performing groups. Organizational behavior and human decision processes, 47(1), 65-97.

Howard-Grenville, J., A. & Rerup, C. (2017). A process perspective on organizational routines. The SAGE Handbook of Process Organization Studies, 323-340.

Howard-Grenville. J. A., Rerup, C., Langley, A., & Tsoukas, H. (2016) Introduction: Advancing a Process Perspective on Routines by Zooming Out and Zooming In J. Howard-Grenville, C. Rerup, A. Langley, & H. Tsoukas (Eds.), Organizational Routines: How They Are Created, Maintained, and Changed, 5, 1-22.

Howard-Grenville, J. A. (2005). The persistence of flexible organizational routines: The role of agency and organizational context. Organization science, 16(6), 618-636.

Kaplan, S. (2015). Truce breaking and remaking: The CEO’s role in changing organizational routines. Cognition and strategy, 1-45.

Kremser, W., & Schreyögg, G. (2016). The dynamics of interrelated routines: Introducing the cluster level. Organization Science, 27(3), 698-721.

Leonardi, P. M., Nardi, B. A., & Kallinikos, J. (Eds.). (2012). Materiality and organizing: Social interaction in a technological world. Oxford, United Kingdom: Oxford University Press on Demand.

Miller, K. D., Pentland, B. T., & Choi, S. (2012). Dynamics of performing and remembering organizational routines. Journal of Management Studies, 49(8), 1536-1558.

Nascimento, C. A. X., Ruas, L. R., & Silva, D. da (2017). Rotinas Organizacionais No Ambiente Da Teoria Evolucionária. Revista Ibero Americana de Estratégia, 16(3), 143-159.

Nelson, R. R., & Winter, S. G. (1982). An evolutionary theory of economic change. Cambridge, Massachusetts, United States: Harvard University Press.

Nelson, R. R., & Winter, S. G. (2002). Evolutionary theorizing in economics. Journal of Economic Perspectives, 16(2), 23-46.

Orlikowski, W. J. (1992). The duality of technology: Rethinking the concept of technology in organizations. Organization science, 3(3), 398-427.

Parmigiani, A., & Howard-Grenville, J. (2011); Routines Revisited: Exploring the Capabilities and Practice Perspectives. Academy of Management Annals, 5(1), 413-453.

Pentland, B. T., & Feldman, M. S. (2008a). Designing routines: On the folly of designing artifacts, while hoping for patterns of action. Information and organization, 18(4), 235-250.

Pentland, B. T., & Feldman, M. S. (2008b). 13 Issues in empirical field studies of organizational routines1. Handbook of organizational routines, 281.

Pentland, B. T., & Feldman, M. S. (2005). Organizational routines as a unit of analysis. Industrial and corporate change, 14(5), 793-815.

Pentland, B. T., & Hærem, T. (2015). Organizational routines as patterns of action: Implications for organizational behavior. Annual Review of Organizational Psychology and Organization Behavior, 2(1), 465-487.

Pentland, B. T. (2003). Sequential variety in work processes. Organization Science, 14(5), 528-540.

Remenyi, D., Williams, B., Money, A., & Swartz, E. (1998). Doing research in business and management: An introduction to process and method. United Kingdom: Sage.

Rerup, C., & Feldman, M. S. (2011). Routines as a source of change in organizational schemata: The role of trial-and-error learning. Academy of Management Journal, 54(3), 577-610.

Sele, K., & Grand, S. (2016). Unpacking the dynamics of ecologies of routines: Mediators and their generative effects in routine interactions. Organization Science, 27(3), 722-738.

Salvato, C., & Rerup, C. (2017). Routine regulation: Balancing conflicting goals in organizational routines. Administrative Science Quarterly, 63(1), 170-209.

Spee, P., Jarzabkowski, P., & Smets, M. (2016). The influence of routine interdependence and skillful accomplishment on the coordination of standardizing and customizing. Organization Science, 27(3), 759-781.

Turner, S. F., & Rindova, V. (2012). A balancing act: How organizations pursue consistency in routine functioning in the face of ongoing change. Organization Science, 23(1), 24-46.

Yin, R. K. (2003). Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. (2ª ed.). Porto Alegre: Bookman.

Zbaracki, M. J., & Bergen, M. (2010). When truces collapse: A longitudinal study of price-adjustment routines. Organization Science, 21(5), 955-972.

Downloads

Publicado

14-12-2018

Como Citar

Perfeito, F. V., Broman, S. L. de S., & Rocha-Pinto, S. R. da. (2018). Variações nas rotinas de um Instituto de Tecnologia e Inovação: adaptações ao contexto e (re)alinhamento de interesses. RACE - Revista De Administração, Contabilidade E Economia, 17(3), 927–950. https://doi.org/10.18593/race.v17i3.17514