Centralidade do trabalho na perspectiva de mulheres em diferentes faixas etárias

Autores

  • Patrícia Moreira da Rocha Amaral de Souza Instituto Coppead de Administração/UFRJ
  • Ana Luiza Szuchmacher Verissimo Lopes Instituto Coppead de Administração/UFRJ
  • Adriana Victoria Garibaldi Hilal Instituto Coppead de Administração/UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.18593/race.v16i1.10547

Resumo

No presente estudo descreve-se a centralidade do trabalho na perspectiva de mulheres brasileiras, com nível superior, de diferentes faixas etárias (20 a 29 anos, 30 a 39 anos, acima de 40 anos) e que trabalham em empresas privadas na Cidade do Rio de Janeiro. Este é um estudo qualitativo em que se utilizou a análise de conteúdo como método de pesquisa e teve-se como principal fonte de dados a entrevista em profundidade. A análise foi realizada em torno da dimensão centralidade do trabalho, que consiste na importância absoluta (valor atribuído ao trabalho dentro da vida do indivíduo) e relativa (valor atribuído a ele se comparado a outras esferas da vida, como família, amigos, lazer e religião, entre outras) do trabalho na vida de uma pessoa (MOW, 1987). Na pesquisa identificou-se que o trabalho remunerado é uma atividade central e importante na vida das entrevistadas. No entanto, verificou-se também que a relação afetiva e temporal com o trabalho passa por mudanças ao longo do tempo. À medida que as entrevistadas vão adquirindo maior maturidade e experiência, elas repensam suas prioridades e procuram, efetivamente, em maior ou menor medida, conciliar o trabalho com outras esferas de suas vidas. A maternidade parece contribuir significativamente para que desejem estabelecer novas dinâmicas cotidianas, podendo participar ativamente da criação de seus filhos e da rotina familiar.

Palavras-chave: Centralidade do trabalho. Trabalhadoras. Empresas privadas. Diferentes faixas etárias. Pesquisa qualitativa.

 

Abstract

 

This study aimed to describe and analyze the centrality of work in the perspective of Brazilian women with higher education, from different age groups (20 to 29 years, 30 to 39 years, over 40 years), and working in private companies in the City of Rio de Janeiro. This is a qualitative study, and used content analysis as research method and in-depth interview as a primary source of data. The analysis was performed around the dimension centrality of work, which is the absolute importance (relevance assigned to work within the life of the individual) and the relative importance (relevance assigned to it compared to other spheres of life such as family, friends, leisure and religion, among others) of work in a person's life (MOW, 1987). The research identified that paid work is a central and important activity in the lives of the interviewees. However, it also found that the emotional and temporal relationship with the work changes over time. As the respondents acquire greater maturity and experience, they rethink their priorities, and effectively seek, at greater or lesser extent, to reconcile work with other spheres of their lives. Motherhood seems to contribute significantly to wishing to establish new daily dynamics and be able to actively participate in the upbringing of their children and family routine.

Keywords: Centrality of work. Private organizations. Women workers. Age distribution. Qualitative analysis.

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Biografia do Autor

Patrícia Moreira da Rocha Amaral de Souza, Instituto Coppead de Administração/UFRJ

Mestre em Administração pelo Instituto Coppead de Administração/UFRJ

Ana Luiza Szuchmacher Verissimo Lopes, Instituto Coppead de Administração/UFRJ

Doutora em Administração pelo Instituto Coppead de Administração/UFRJ

Adriana Victoria Garibaldi Hilal, Instituto Coppead de Administração/UFRJ

Doutora em Administração pelo Instituto Coppead de Administração/UFRJ

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Publicado

23-03-2017

Como Citar

de Souza, P. M. da R. A., Lopes, A. L. S. V., & Garibaldi Hilal, A. V. (2017). Centralidade do trabalho na perspectiva de mulheres em diferentes faixas etárias. RACE - Revista De Administração, Contabilidade E Economia, 16(1), 9–36. https://doi.org/10.18593/race.v16i1.10547