MUDANÇAS NAS ROTINAS CONTÁBEIS: CONTRADIÇÕES INSTITUCIONAIS E PRÁXIS HUMANAS

Autores

  • Franciele Wrubel Universidade Regional de Blumenau - FURB
  • Leandro Augusto Toigo Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
  • Carlos Eduardo Facin Lavarda Universidade Regional de Blumenau - FURB

DOI:

https://doi.org/10.18593/race.v14i3.6484

Resumo

Objetivou-se, neste estudo, identificar os fatores que proporcionam contradições, práxis e mudanças institucionais em rotinas contábeis. Foi elaborado e aplicado um questionário estruturado com 56 questões, construído a partir dos modelos de Tolbert e Zucker (1999) e Seo e Creed (2002). Foram obtidos 43 questionários respondidos, os quais, por sua vez, foram tratados por meio da análise fatorial, com o uso do método de análise de componentes principais com rotação Varimax, que permite a redução de variáveis ou a redução de fatores. Os testes de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), de esfericidade de Barlett, Alpha de Cronbach e de significância mostram-se adequados. Os resultados apresentam cinco fatores de mudanças institucionais e oito fatores de contradições institucionais e práxis humanas. Conclui-se que dois fatores representam as mudanças provocadas pelos fatores de mercado e legislação, representando 23,645% da variância, ou seja, 32,107% da variância total (73,643%). Os demais fatores estão fortemente relacionados a mudanças tecnológicas. Na análise das contradições institucionais e práxis humanas, percebe-se que os três fatores mais representativos estão relacionados com desalinhamento de interesses e incompatibilidade institucional (Fator 1; 18,18%), práxis humanas (Fator 2; 14,107%) e ineficiência técnica (Fator 3; 11,663%), com acumulado de 43,45%. No estudo é descrito sobre um contexto específico das rotinas contábeis para os profissionais que atuam na área, são elencados os fatores com peso mais significativo e representativo diante das diversas mudanças institucionais as quais os profissionais vivenciam.

Palavras-chave: Rotinas contábeis. Mudanças institucionais. Contradições institucionais. Práxis humanas. Teoria institucional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABRAHAMSSON, G.; GERDIN, J. Exploiting institutional contradictions: The role of management accounting in continuous improvement implementation. Qualitative Research in Accounting & Management, v.3, n.2. p. 126-144, 2006.

BENSON, J. K. Organizations: a dialectical view. Administrative Science Quarterly, v.22, n.1, p. 1-21, 1977.

BEUREN, I.; MACOHON, E. Institucionalização de hábitos e rotinas na contabilidade gerencial à luz da teoria da contingência: Um estudo em indústrias de móveis em São Bento do Sul. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, v. 10, n. 1-2, p. 78-91, 2011.

BJERREGAARD, T.; LAURING, J. Entrepreneurship as institutional change: strategies of bridging institutional contradictions. European Management Review, v. 9, p. 31–43, 2012.

BOFF, M. L.; BEUREN, I. M.; GUERREIRO, R. Institucionalização de hábitos e rotinas da controladoria em empresas do estado de Santa Catarina. O&S. Organizações & Sociedade. v. 15, n. 46, p. 153-174, jul./set. 2008.

BURNS, J. The dynamics of accounting change: inter-play between new practices, routines, institutions, power and politics. Accounting, Auditing & Accountability Journal. Adelaide/Austrália, v. 13, n. 5, p. 566-596, 2000.

BURNS, J.; BALDVINSDOTTIR, G. An institutional perspective of accountants' New Roles – the interplay of contradictions and praxis. European Accounting Review, v. 14, n.4, p.725-757, 2005.

BURNS, J.; SCAPENS, R. Conceptualising management accounting change: an institutional framework, forthcoming. Management Accounting Research. Londres, vol. 11, p. 3-25, 2000.

BURNS, J. The dynamics of accounting change inter-play between new practices, routines, institutions, power and politics. Accounting, Auditing & Accountability Journal, v. 13, n. 5, p. 566-596, 2000.

CHENHALL, R. H.; LANGFIELD-SMITH, K. The relationship between strategic priorities, management techniques and management accounting: an empirical investigation using a systems approach. Accounting, Organizations and Society, v. 23, n. 3, p. 243-264, 1998.

CLEMENS, E. S.; COOK, J. M. Politics and institutionalism: explaining durability and change. Annual Review of Sociology, v. 25, n. 1, p. 441-466, 1999.

CONRAD, L.; USLU, P. G. Investigation of the impact of ‘payment by results’ on performance measurement and management in NHS Trusts. Management Accounting Research, n. 22, p. 46–55, 2011.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução nº. 1.098 de 24 de outubro de 2007. Dispõe sobre o Registro Cadastral das Organizações Contábeis nos Conselhos Regionais de Contabilidade. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucaocfc1098_2007.htm>. Acesso em: 05 jun. 2014.

COVALESKI, M. A.; DIRSMITH, M. W.; MICHELMAN, J. E. An institutional theory perspective on de DRG framework, case-mix accounting systems and health-care organizations. Accounting, Organizations and Society, v. 18, n. 1, p. 65-80, 1993.

CRUZ, I.; MAJOR, I. SCAPENS, R. W. Institutionalization and practice variation in the management control of a global/local setting. Accounting, Auditing & Accountability Journal, v. 22, n. 1, p. 91-117, 2009.

DILLARD, J. F.; RIGSBY, J. T.; GOODMAN, C. The making and remaking of organization context: Duality and the institutionalization process. Accounting, Auditing & Accountability Journal, v.17, n.4, p.506-542. 2004.

FREZATTI, F.; ROCHA, W.; NASCIMENTO, A. R.; JUNQUEIRA, E. Controle Gerencial: uma abordagem da contabilidade gerencial no contexto econômico, comportamental e sociológico. São Paulo: Atlas, 2009.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. Atlas, 2010.

GUERREIRO, R.; FREZATTI, F.; LOPES, A. B; PEREIRA, C. A. O entendimento da contabilidade gerencial sob a ótica da teoria institucional. O&S. Organizações & Sociedade, v. 35 ed., n. out/dez, p. 1-20, 2005.

GUERREIRO, R.; PEREIRA, C. A.; REZENDE, A. J. Em busca do entendimento da formação dos hábitos e das rotinas da contabilidade gerencial: um estudo de caso. Revista de Administração Mackenzie, v. 7, n. 2, 2006.

GUERREIRO, R; PEREIRA, A. C.; REZENDE, A. J.; AGUIAR, A. B. Fatores determinantes do processo de institucionalização de uma mudança na programação orçamentária: uma pesquisa-ação em uma organização brasileira. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, v. 10, n. 1, 2005.

HAIR JR, J. F.; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R.I; BLACK, W. C. Análise multivariada de dados. 5 ed. Tradução Adonai Schlup Sant’ana e Anselmo Chaves Neto. Porto Alegre: Bookman, 2005

LAVARDA, C. E. F.; RIPOLL FELIU, V. M.; BARRACHINA PALANCA, M. La Interiorización del Cambio de un Sistema Contable de Gestión en la Pequeña Empresa. Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo, v. 20, n. 51, p. 101-115, setembro/dezembro 2009.

LOPES, A. B.; IUDÍCIBUS, S.. Teoria avançada da contabilidade. São Paulo, Editora Atlas, 2012.

MAJOR, M. J.; RIBEIRO, J. A teoria institucional na investigação em contabilidade. In: MAJOR, M. J.; VIEIRA, R. Contabilidade e Controle de Gestão: Teoria, Metodologia e Prática. Lisboa: Escolar Editora, 2009, p.37-59.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Tradução de Nivaldo Montingelli Jr. e Alfredo Alves de Farias. 2001.

MAROCO, João. Análise estatística com utilização do SPSS. Lisboa: Silabo, 2003.

MARTINS-COSTA, J.; BRANCO, G.. Diretrizes teóricas do novo código civil brasileiro. Saraiva, 2002.

OLIVEIRA, U. R. A correlação entre a remuneração por resultados e a satisfação dos funcionários: um estudo de caso no banco exemplo. Dissertação (Mestrado em Sistema de Gestão) - Universidade Federal Fluminense - UFF. Niterói - RJ, 2004

OYADOMARI, J. C.; CARDOSO, R. L.; MENDONÇA NETO, O. R.; LIMA, M. P. Fatores que influenciam a adoção de artefatos de controle gerencial nas empresas brasileiras: um estudo exploratório sob a ótica da teoria institucional. Revista de Contabilidade e Organizações, v. 2, n. 2, p. 55-70, 2008.

PECI, A. A nova teoria institucional em estudos organizacionais: uma abordagem crítica. Cadernos EBAPE. BR, n. 1, p. 1 a 12, 2006.

PEREIRA, A. Guia prático de utilização: análise de dados para ciências sociais e psicologia. 5. ed. Lisboa: Sílabo, 2004.

POPIK, F. Contradições institucionais, práxis e mudança do controle gerencial: estudo de caso em uma Cooperativa de Santa Catarina. 2013. 108 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) - Programa de Pós - Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2013.

REIS, L. G. A influência do discurso no processo de mudança da contabilidade um estudo de caso sob o enfoque da teoria institucional. 187 f. 2008. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) – Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis, Departamento de Ciências Contábeis, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

RESENDE JÚNIOR, P. C.; GUIMARÃES, T. A.; BILHIM, J. A. F. Escala de orientação para inovação em organizações públicas: estudo exploratório e confirmatório no Brasil e em Portugal. RAI – Revista de Administração e Inovação. São Paulo, v. 10 , n. 1, p .257-277, Jan./Mar., 2013

RIBEIRO, J.; SCAPENS, R. W. Institutional theories in management accounting change: Contributions, issues and paths for development. Qualitative Research in Accounting & Management, v. 3, n. 2, p. 94 – 111, 2006.

ROCHA, W.; GUERREIRO, R. Desenvolvimento de modelo conceitual de sistemas de custos: um enfoque institucional. Revista de Contabilidade e Organizações, v. 4, n. 8, p. 24-46, 2010.

SCAPENS, R. W. Never mind the gap: towards an institutional perspective on management accounting practice. Management Accounting Research, v. 5, n. 3, p. 301-321, 1994.

SEO, M.; CREED, W. Institutional contradictions, praxis, and institutional change: A dialectical perspective. Academy of Management Review, v. 27, n. 2, p.222–247, 2002.

SHARMA, U.; LAWRENCE S.; LOWE, A. Institutional contradiction and management control innovation: A field study of total quality management practices in a privatized telecommunication company. Management Accounting Research, v. 21, n. 4, p. 251-264, 2010.

SILVA, C. L. M.; GONÇALVES, S. A. Nota técnica: a teoria institucional. Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, v. 1, p. 220-226, 1999.

SITI-NABIHA, A. K.; SCAPENS, R. W. Stability and change: an institutionalist study of management accounting change. Accounting, Auditing & Accountability Journal, v. 18, n. 1, p. 44-73, 2005.

SOUTES, D. O. Uma investigação do uso de artefatos da contabilidade gerencial por empresas brasileiras. São Paulo: 2006. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade) – USP - Faculdade de Economia e Administração, São Paulo, 2006.

THOMÉ, I. Empresas de serviços contábeis: estrutura e funcionamento. São Paulo: Atlas, 2001.

TOLBERT, P. S.; ZUCKER, L. G. A institucionalização da teoria institucional. Handbook de estudos organizacionais, v. 1, p. 196-219, 1999.

WANDERLEY, C. A. Institutional contradiction and the balanced scorecard: a case of unsuccessful change. In: Encontro Nacional da Associação dos Programas de Pós-Graduação em Administração, 37., 2012, Anais... Florianópolis: ANPCONT, 2012.

WANDERLEY, C. A.; MIRANDA, L. C.; MEIRA, J. M.; CULLEN, J. Management accounting change: A model based on three deferent theoretical frameworks. BASE Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos, v. 8, n. 2, p.111-121, ab./jun. 2011.

WANDERLEY, C. A.; CULLEN, J. Um caso de mudança na contabilidade gerencial: a dinâmica política e social. Revista de Contabilidade & Finanças, v. 23, n. 60, p. 161-172, 2012.

YADOMARI, J. C; MENDONÇA NETO, O. R.; CARDOSO, R. l.; LIMA, M. P. Fatores que influenciam a adoção de artefatos de controle gerencial nas empresas brasileiras: um estudo exploratório sob a ótica da teoria institucional. Revista de Contabilidade e Organizações – RCO, v. 2; n. 2, p. 55-70, Jan./Abr., 2008.

Downloads

Publicado

05-11-2015

Como Citar

Wrubel, F., Toigo, L. A., & Facin Lavarda, C. E. (2015). MUDANÇAS NAS ROTINAS CONTÁBEIS: CONTRADIÇÕES INSTITUCIONAIS E PRÁXIS HUMANAS. RACE - Revista De Administração, Contabilidade E Economia, 14(3), 1175–1204. https://doi.org/10.18593/race.v14i3.6484