Utilização de argila residual recuperada como meio adsorvente de óleo de fritura para produção de biodiesel

Autores

  • Beatriz Fernanda Bonfim de Souza Universidade Tecnológica Federal do Paraná
  • Michel Rocha Baqueta Universidade Estadual de Campinas
  • Bruno Cesar Circunvis
  • Paulo Henrique Março
  • Ailey Aparecida Coelho Tanamati

DOI:

https://doi.org/10.18593/eba.v19i2.21427

Palavras-chave:

Argila clarificante, Clarificação, Ativação térmica

Resumo

Para que os óleos atinjam qualidade sensorial desejada, eles passam por etapas de refino. A clarificação é uma dessas etapas, em que são usadas argilas clarificantes as quais aderem pigmentos indesejados naturais do óleo, tornando-o visualmente mais atraente para os consumidores. O problema está no descarte incorreto destinado a essas argilas, que são dispostas em aterros sanitários causando danos ao meio ambiente. Da mesma forma, óleos residuais de fritura trazem problemas quando descartados em pias e ralos, comprometendo os lençóis freáticos. Assim, uma solução para esse inconveniente seria a produção de biodiesel, já que este é produzido mediante óleos e gorduras, mesmo em estado de deterioração desde que atingidos os padrões físico-químicos de qualidade. Os objetivos do trabalho foram ativar termicamente a argila residual, purificar o óleo residual nessa argila recuperada e produzir via transesterificação ácida o biodiesel do óleo residual e do óleo purificado. Todas as análises físico-químicas foram realizadas de acordo com metodologias oficiais, e os espectros obtidos por meio do infravermelho próximo (NIR) foram tratados mediante Análise dos Componentes Principais (PCA). Foram realizadas análises físico-químicas após a ativação térmica da argila, obtendo-se resultados de umidade de 1,07%, acidez de 0,16 g ácido oleico.100g-1 e peróxidos 19,01 meq.kg-1. Para os insolúveis em éter não foram obtidos valores significativos, além de, por meio da técnica de NIR, ficar nítida a diferença existente entre a argila residual recuperada e a argila virgem. De posse dos resultados, os valores de acidez no óleo purificado e no óleo residual se mantiveram dentro dos padrões estipulados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porém o índice de peróxidos ficou acima dos valores recomendados, evidenciando que o óleo se encontrava em processo de deterioração. Conclui-se que ativar termicamente a argila proveniente do processo industrial com o óleo residual é uma boa alternativa para a sua reutilização, pois contribui para que esse material não seja perdido e possivelmente descartado de forma incorreta, e, ainda, traz vantagens com relação à produção de biocombustível por meio de transesterificação ácida.

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Biografia do Autor

Michel Rocha Baqueta, Universidade Estadual de Campinas

Graduado em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Bruno Cesar Circunvis

Graduado em Ciências Biológicas pela Uningá, mestre em Genética e melhoramento vegetal pela Universidade Estadual de Maringá.

Paulo Henrique Março

Docente na Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Ailey Aparecida Coelho Tanamati

Docente na Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

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Publicado

17-12-2019

Como Citar

Bonfim de Souza, B. F., Rocha Baqueta, M., Circunvis, B. C., Março, P. H., & Coelho Tanamati, A. A. (2019). Utilização de argila residual recuperada como meio adsorvente de óleo de fritura para produção de biodiesel. Evidência, 19(2), 203–224. https://doi.org/10.18593/eba.v19i2.21427