RESTRIÇÃO *O DIREITO À EDUCAÇÃO INFANTIL: *BJEÇÕES
OR*AMENTÁRIAS NO ENTEND*M*N** DO TRIBUNAL DE JUS*I*A D*
SANTA CATARINA *E 2001 A 20*2
REST*ICTION TO RIGHT OF CHILD EDUCATION: BUDGET *ESTRIC*IONS
ACCORDING TO UNDERSTANDIN* O* THE COURT *F S*NTA CA**RINA
FROM 2001 ** 2012
Marili* Wesseler Ju*g*
Ari*t*des Cimad*n**
Jéssica Rom**ro Mo*a***
Resumo: A *esq*isa es*a*eleceu * analisou a evo-
lução *em*oral do entendi***to do Trib*nal de
Justiça d* Santa Cat*rina quanto * efetivação do
di*ei*o fundamental a* ensino in*an*il diant* *as
rest*iç*es orçament*r**s. O métod* consiste no le-
va*t*mento de d*cisões rela*ivas ao fornecime*to
d* vagas em crec*es e *ré-*scol*s exarada* pe*o
*ribunal p*r me*o de pesquisa n* website oficial,
Abstract: This *esearch establ*s*e* a*d a*alyz*d
th* *emporal evoluti*n *f the *nderstand*ng of the
**u*t of Santa Catarina with *egard *o *he realiz*-
*i*n of *he funda*ental righ* *o educat*on of ch*l-
dren fac*ng bu*get restr*ctions. T*e meth*d con-
sist* *n raising *ecisions rega*din* t*e provision
of vacan*i*s in chi*dcare f**iliti*s and preschools
ente*ed by t** Court through research c*nducted
*em corte temporal e selec*onada* a* que
diret*
on the off*cia* w*bsi*e, with no temp*ral court and
ou indir*tamente s* ref*r*am a ob*eções orçamen-
tária*. Foram enco*tr**as 154 d*cisõe* entre *0*1
e 20*2, organizadas por *no d* julgamento e, em
*ada ano, pelo binô*i* *fe*ivação/nã* efetivação
*o di*eito, fornec*ndo a análi*e quantitativa. A
análise qua*it*ti*a consiste na extração da arg*-
selec*ed t*ose that direct or indirec*ly, referre* to
b*dget obje*tions. 154 decisions were foun* be-
tween t** years 2001 and 2012, arranged a*c**di*g
to the y**r of *ud*m**t, and each *ear, th* bino-
mia* execution/n*n *ealiza*ion of the right, pro-
vidin* a *u*ntitative a*alysis. Qualita*i** a*a**sis
mentação *urídica a favor ou *on*ra a
e*etivaçã*
consists *f extra*ting
the legal arguments for or
do dire**o à educação inf*ntil, explicitando o en-
ag*i*st the re*lization *f *h* right to early child-
tendimen*o do Trib*n*l no que se refere à es*era
hoo* e*ucation, showing the unde*sta*ding of the
*rç*mentária e * sua arguiç*o, a fim d* o*st**
o
Co*r* w**h regar* to
t*e **dge* sph*r* and
t*e
dir*ito em anál*s*. *erific*u-se qu* até 200*,
*
p*ssibility *f its complaint in order t* prevent the
Tribunal posicionava-*e pela prevalência das res-
t*ições, furtando-se a interferir na* polít*cas orça-
mentárias. A p*rtir do re*eri*o ano, c*m *ouca*
exceções, as decisões s** no s*ntido de as*egurar
o dire*to ao ensino infantil como um direito a**o-
luto. Concluiu-se *ue a melhor forma de o *oder
J*diciário assegur*r o direito à educação infanti*
é orden*ndo * inclusão de recursos n*cessár*os à
right i* question. I* is no*iced *hat un*il 2006, the
Court under*tood the prevalenc* of *estrictions,
*voiding interferin* in budget po*icies, whereas
*rom that year o*, with few exception*, *ecisions
are *o ensure the r*ght to primary school *s *n ab-
so*u*e right. It was conclud*d that the *est way for
the Jud*cia* C**rt to ensure the *ight t* primary
s*hool is *y ordering the inclusi*n, i* t*e bu*get
ampli*ção da oferta de v*ga* nos p*ogramas orç*-
pr*gram* of Publi* En*ities, resource* *eeded to
**ntários dos En*e* Públicos, p*ssi*il**ando um
fornecim*n*o homogêneo.
Palavras-cha*e: Direitos s*ciais. Ensino *nfantil.
*estrições *rç*men*árias. *ribunal de Ju*tiça d*
Santa Catarina. Ati*ismo *ud*cia*.
expand the s*pply of *acan*i*s in childre*\s *du-
*a*ion t* enable a h*mogeneou* supply.
*eywords: S*cial rights. Primary sc*ool. Budget
*estrict*ons. Court of Santa Cata**na. Judicial *c-
tivism.
**cadêmica de Direito da Universidad* do Oeste de *anta C**ar*na, Brasil; jung.*ireito@***oo.com.*r
**Doutor *m Ciência Jurídic* pela *n*versid*d* do *ale *o Ita*a*, Brasil (2006); Reitor da Universid*de do Oeste de S**ta
Catarina , Bras*l; aristides.*ima*on@uno**c.*du.br
***Mestr* em Engenh*ria e Gestão do C*nh*cimento pela Universidad* Fed*ral de S*nta Catarin*, Brasil (201*); *specia-
*ista em D*reito; *rofessora Titular da Universi*ade do **ste de Santa *atari*a; *** G*t*lio V*r*as, 212*, flor da Serr*,
896*0-0**, Joaçaba, SC, *rasil; jessica.mota@unoesc.edu.b*
EJ*L
C*apecó, v. 15, n. 2, p. 421-442, jul./dez. 2*14
421
Maril*a Wesseler Jung, Arist*d*s C*mad*n, Jéssica R*me*ro M*t*
*ntrodução
O di*e*to à educação está pr*visto já no início do *rt*g* 6º da Co*sti*uição Fe-
d**al *e *988, sendo o *r*meiro do Capítulo *I do *****o I, que t*ata dos Direitos Socia*s,
assim dispondo: "Art. 6º São direitos so**ais a educa**o, * saúde, a *limenta*ão, * tra*a-
**o, a mor*d*a, o laze*, * segurança, * previdência social, a *roteção à m**er*i*ade * à
infância, a assis*ência aos *esam*arados, na fo**a desta Cons*ituição." (BRA*IL, 1988).
A ed*caç*o é *l*va*a a um direito un**e*sal quando o ar*i** 205 afi*ma qu*
"[...] é di*eito de *odos [...]", * *h* é atribuíd* *mplit**e por ter o intuito de *ssegur*r
a* indivídu* "[...] o pleno desenvo*vimento da *essoa, seu pr*p*ro *ara * exercíc*o da
c*dadania e sua **a**ficaçã* para o trabalho", do *ue se i*fer* que, para al*m de pe*m*-
ti* * aqui*ição de conhecimento* acu*ulados, a educa*ã* con*ere d**nidade à pe*soa,
pe**itin** a sua exi*t*nc*a *m plenitude (BRASIL, 1*88).
Estudos de Cun** e *eckm*n (2*08, p. *), es*e último Lau*ea*o c*m o Prê*io
N***l de Ciên*ias Econôm*cas *o ano 2000, assinalam que a habilidade cognitiv* tem
i*fluência direta no acesso ao *ercado de trabalho e n*s salários médios. A ha*ilidade
*ognitiva é modela*a n** primei*o* anos d* vida e t*m reflex*s n* a*u*siçã* de conhe-
*ime*t*s em f*ses posteriores *o desenvolvim*nto (C**HA; HE**M*N, 20**, p. 27).
Os a*t*res, bas*ando-se em divers*s e*tud*s i*tern*ci*nais sobre o tema, afir-
mam que a re*bil**a*ão de capacidad*s *ntelectu**s tardia é menos e*icaz, ou seja, * re-
mediação por **io de pr*gr*m*s que *isam co*ba*e* défici* cognitivo tem bai*o de-
sem**nho (CUN**; HECK*AN, 2008, p. 28).
*s*udos do S*stema Naci*nal de Ava*ia*ão da Educ*ção Bási*a apo*t*m *ue há
um a*mento em 32% *a pos*ibilidade de uma criança que f*equenta a ed*ca*ão i*fan*il
chegar * concl*ir o e*sino médio (BRASIL, 2007, p. 44).
Foi real*z*da uma pesqui*a pelo Tribunal d* Conta* *o Est*do do Rio Grande
*o Su*, cruza**o os índices de ofe*ta d* ensino **fantil e a no*a obtida no *ndice
de
Desen*o*vimento da E*uca*ã* *ásica (ID*B) de 2011. Os result*dos aponta* que o*
mu*icí*ios que possu*m os **ior*s índices de ofe*ta em ed*caçã* infan*i* *ambém al-
cançaram os melhores aproveitame*tos confo*me o IDEB (*OYER,* 2011, p. 8).
A d*s*uss*o a respei*o das re*tr*ções **çam*ntárias à re*liza*ão ** direi*o* so-
ciais n*o é *ova. No entanto, a maioria dos estudos sobre o te** é *eita ou co* b*se em
*iscussões doutrin*rias e o uso de *ulga*o* fig**a *omo mera ilustr**ão, *u é realiz**o
* es*u*o aprofu*dad* d* um j*lgad* emblemá*ico.
O i*teresse em sistemati*ar decisões do *ribunal *atarinense s*rgiu por d*as
motiv*ções: a n**essidade do dup*o gr*u de jurisd*ção nas sentença* que condena*
os Ent** Públicos ao provimento de direitos e o entendimento qu* *ma am*la a*áli*e
1
Economista e auditor do Tr*bunal *e Contas do Estado do Rio Grande do Su*. Tra*a-s* de m*ter*al não pu*licado,
fornecid* *iret***nte pel* autor atravé* *o e-*ail <royer@tc*.rs.gov.br>.
422
*JJL
Chapecó, v. 15, *. 2, p. 421-442, jul./de*. 2014
Restr*ção a* direito à educ*ção infan*il...
p*r significa*ivo lapso t*mporal poderia *ornecer *ubs*dios para entender a *voluçã* do
**te*diment* so*re a efetivaç*o ou *ão de um direito soc**l.
A pesquisa foi dese*vo*vida tentando responde* à segu*nte ques*ão: *ual é a
visão do *od*r Judiciário catarinense quant* à efet*vaç*o *e um d**eito r*l*va*te como
é a ed**ação infantil diante *as *rguições de falta de d*t*ção orçamentária? Esp**a-*e
*ornecer u* *anora*a do entendime*to *o Judici*rio catari*ense *obre o tema, quais
as principais linhas argumentativas *ti*izad*s para * e*frentam*nt* das questões eco-
n*micas, e ** que medida a falt* d* orçam*nto é impedit*va da reali*ação d* direito. *
estudo ocorreu po* mei* d* pe*quisa de jur*s*rudênci* do Tribunal de Justiç* de Santa
Catarina, dispo*ib*liz*da* no website *ficial su* sist*matização e análise.
1 *eto*ologia da pesquisa
* si*temática *ti*izada nesta pesquisa cons*stiu n* levantamento de decisões
do Tribu*al de Justiça d* S*nt* Catarina por mei* de *esquisa r*al*zada no websit* ofi-
c**l ** Tribunal (<http://www.tjsc.jus.b*>) na seção "Jurisp*udência". Foram utilizados
como *ha*e de pesq*isa os termos "educação" e "ensino", s*ndo sel*cio*ados ap**as o*
julgado* q*e se ref*ri*m ao *ornecimen*o de vag*s *o e*sin* infantil.
Optou-s* por termos de pe*quisa amplos, visando obte* o *aio* número *oss*-
vel d* decisõe* do Tribu*a* nessa matéria, objetivo que pode*ia *ã* ser *lcançado com
um *efinamento m*io* d*s c*ité*ios ** bu*ca.
Quanto *o cr*tério temporal, opt*u-se por não fazer um reco**e determi*ado,
sendo util*zad** *odos os j*lg*dos encontrados no *ite que *tendessem *o pa*âme*ro
*ateria*, resu*tando na decisão m*is antiga datada de 2*01 e a ma*s rece*te, de 2012.
Entende-se q*e a partir de um lapso tempora* amplo é po*sível ter uma visã* mais fide-
dig*a da *vol*ção *o entendim**to do Tribunal *m relação ao objeto da pe*quisa.
Como * *ntu*to da col*ta dos julg*do* é avali*r, ao lon*o do tempo, o posicio-
n*mento adotado p*lo Tri*u**l c*tar*nens* *uanto à efetivaç*o do **reito ao ensino
infantil frente à arg*mentação orçament*ria que se op*e à sua real*zação, proced*u-*e
uma segu*da tr**gem da* d*cisõe*, de modo a utilizar apena* a*u**** em qu* houve
referência a *uestõe* fi*anceiras. As decisõ*s col*c*onadas são agravos de ins*ru*ento,
ape*aç**s, re*xames necessários e agr*vos e* r*exame necessário, os q*ais se *ncon-
*ram relacio*a*os ** Apên*ice *.
A partir da seleção das decisões do Tri*unal *ue se enquadr*ram no* critérios
def**id*s, promoveu-se s*a sistematizaç*o por ano de julgamento, e, em c*da an*, *elo
binômio efetivação/não e*e*iva*ão do d*reito à educação infant*l, fornece*do uma aná-
lise quan**tativa.
A an*lise qualitativa, por seu turno, consi*tiu na extração da argumen*ação ju-
rídica a favor ou *ontra a efetivação do d*reito * educação inf*n*i* * *o en*end*mento
ex*rado pelo Tribunal no que se refere à esfera orçam*nt*ria e à possibilidade d* su*
arguição, a fim de obstar o dir**to em an****e. *roced*u-*e a o*ganização do* *rechos ex-
*raídos *os julg*do* considerados *ais relevantes e recorr*ntes e* ca*a ano. Ressalte-se
*JJL
Chap*c*, v. 15, n. 2, *. 421-442, jul./dez. 2*14
423
Marilia Wesseler Jung, Aristid*s Cim*don, J*ssica *ome*ro Mota
que o* trechos *e j*lgados apresentado* ao longo da análise quali*ati** são ilustra*ivo*,
e exp*es*a*, d* mod* g*ral, o entendi*ento majorit**io dos *ese**argadores p*ra de-
term*nado ano/períod*. Alguns *recho* também recorrentes, por ter*m **ntido aná*o-
go, fo*am supri*idos. *e*te artigo, deter-se-á somente n* ar***entação referente à*
questões orçamentá*i*s.
2 Análi*e dos da*os e di*c**sã*
2.1 Análi*e quant*tativa
A pesq*isa r***ltou na *btenção de 154 julg*dos entr* os anos 2001 e 20*2, sem
n*n**m resultado para *003, re*s*ltando-se que há *ma dist*ibuição i*regular do nú-
mero *e julgados em razão do ano de *ulgamento conforme se obse*va no Apêndice A.
*omo des*rito na *eto*ologia, os julg*dos f*r*m segreg*dos, dentro de cada
ano, *e*a sente*ça fa*or*vel ou desfavorá*el à implementação *o dire*to à educ*çã*
infantil não obstante *s restri*ões o*ç*mentári*s argu*das. *or conta dessa distrib*i*ão
*rregular, *ptou-*e por n*o utilizar os números abs*lu*os, mas sua re*a*iviz*ção pel*
po*cen*agem que represent*m em relação à tota*idade de julga*os/ano. O resultad* é
visualizado *o *ráfico 1.
Gráfic* 1 - Análise qu*nti*ativa
Font*: os au**res.
Infere-se que o Tribun*l de Justiç* de San** Cata*ina tinha níti*a orientação n*
sentido de negar provimento aos p*eitos concerne*tes ao acesso ao ensino infantil, pre-
valecend*, *ort**to, as diretrizes formu*ad** pelo *dministrador quanto à efetividade
desse direito. Esse entendiment* fo* u*âni*e até os julgad*s *e 2005, inc*usi*e.
424
EJJL
Chapecó, v. 15, n. 2, p. 421-442, j*l./dez. 2014
Restrição ao direit* à educ*ç*o *nfantil...
A p*ri* de 2006, no entanto, h*uve clara mu**nça dos r*s*ltados dos *ulga**s,
com exceções pouco *x*ressivas que podem ser ob*erv*das nos anos de 2007, 2008 e
2*11, em *ue o Tri*unal pa*sou a reconhecer efetividade ao direito ao ensino infantil em
oponên*ia aos critérios es*abelec*do* pelas *u**ci*ali*ades.
Dos resultados obtidos, surg*m alg*ns questio*ame*to*:
a)
*)
c)
Qual o evento que ocasionou * bru*c* mu*ança ** or*entação do Tr*buna*
*atarin*nse?
Em re*aç*o às de*isões proferidas após *0** que mantiveram o *nte*di-
mento da *ão efetivação do direito, *á a*gu*a particularidade dos *asos
conc*etos que ju*tifique a divergência?
E, por fim, *omo o *ribun*l en*renta as ques**es de ord*m or*amentária
que *e opõem à realiz*ção desse dir*ito, con*iderand* * indispen*ável re-
lação que há d* se fa*er *n*re a n*tu*eza do direito e os *ecurso* * sere*
empreg**os em sua implem*nt*ção?
*s q*esti*nam*nto* citados s*ger*m uma análise q*ali*ativa das deci*õe* pela
sistemati*ação das i*formações pe*t*nentes de modo * respondê-los satis*atori*mente, o
que será *emonstrado nas seçõ** seguin*es.
2.2 **álise qual*tati*a
Os *ulgad*s foram sub*eti*os à *eitura e posterior e*t*açã* das **inci*ai* li-
n*as argumen*ati*as dir**ament* relacionad*s à efe*ivid*d* *o direito ao ensi** *nfan*il
frente ** restriçõe* orçamentárias arg*idas, c*mp*e*ndendo * u**lização d* trechos d*
julgados a*teriores e entendimentos do*triná*ios.
Para a **aliza*ão *as extrações dos tr*chos *os ju*gados, utiliz*u-s* como cri-
tério a pe*tinência de seu co**eúdo na determinaç*o do resu*tado f*nal dos ju*gamentos
dos pl*itos e reiteraç** de sua ideia ce*tral *o **ngo *o* j**gad*s de ** *esmo ano, de
forma * demonstrar o entendime**o predominante *o referido la*so tempor*l.
2.2.1 En*rentamento *a questão econômica
Cons*gna-se, nos jul**dos entre 2001 e 2005, a v*são de que a Administraçã*
som**te pode *ealizar gastos na ef*tivação de direitos na m*dida de suas pos*ibi*idades,
*ão podendo de qu*l**er modo cont*ariar as previsões or*amentárias vigentes por for-
ça de lei, sob pena de s* c*nfigurar crime *e responsabi**d*de *o ges**r público. Não se
permi*ia, *ortanto, a interferência d* Pode* Judiciário *as ques*õ*s de ordem financeira,
mesmo se *ra*ando de direi*os *u*damentai* assegurados **nstit**i*nalmente.
Ver*fica-se, ainda, que o Judici*r*o ca*arine**e considerava que as limitaçõe*
de e*paço f*sico * númer* *e *agas em estabelecimentos para a educa*ã* infantil *sta-
EJ*L
*hapecó, v. *5, *. 2, p. 421-442, *ul./dez. 2014
4*5
Marilia *esseler J*ng, Aristides Cimadon, *éss*** *omeiro M*ta
belecidas *elo *dm*nistrador eram legít*mas, po** pautadas em critérios cient*ficos e na
possibilidade **nancei*a da mun**i*a*idade.
Intere*sante ex*or que *s *ul*a*os desse **ríodo demonstr*m a *reocupa*ão
do Judiciário em relação à *ons*quênc*a *e p*ovimentos judic*a*s de nature*a presta-
cion**, os quai*, favorec***o demandante* i**ivi**alm*nte considerado*, at*ntariam
con*ra o interesse *úblico, por não respeitare* * planej*m*nto *rç*mentário e o plano
pedagógic* desenvolvidos pelo Poder Públi*o.
*ecisões d* 2005 traze*, inclusive, ent*ndimento no **ntido de que, se t*das as
requisiçõ*s j*dici*is de vagas fossem atendidas, o*o*reria um aumento de gastos insus-
tentá*el, "enf*aquecendo a má*u**a pública".
A par*ir *e 2006, **r *eu turno, h* mudança* substanci*is em qu**e a t*t*lida-
de das de*isõ*s, a*ompanhando a tendê**ia da argumentaçã* jurídica, com rar*s exce-
ções, as *uais se*ão *ratadas em s*as pa*ticularidades n* se*ão seguinte.
Passa-se a consid*rar que, *m se tratando de um direito constitucional in*is*o-
n*vel (como é considerado o direito exposto no *rtigo 208, I*, da Cons**tuição a partir de
2006) reg*la*entado por lei, *á * obri*aç*o de fazer *umpri-l*, mesmo que a ex*c*ção
se tra**za em *umento de g*stos não pr*v*stos n* orç*mento. O Judiciár*o, ao impor
o *umprimento *o ma*damento constitucional, não estaria a in*erf*rir arbitrariamente
na esfera de atuação de *utro pode*, m*s atingi*d* sua funç*o de fazer cum*rir as leis.
* *esembar*a*or de *007 vai além, f*zendo consig*ar sua in*ignação com o
"descaso gover*amental" afirmand* que, *ia*te desse quadro, não p*dem os d*re*to*
da *agnitude do ora analisado, se*e* em*araçado*. Segundo o julgador, não *ten*er a
*m *ireito básic* co*o a educa*ão terá **nsequên*i*s mais grave* à sociedade do que
uma **ficuldade d* ordem finance*ra tra*sit*ria:
A ineficiência admini*t*ativa, * des*aso govername*tal *om direitos b*sicos **
cid*d**, * inca*aci*a*e de g*rir os recursos pú*licos, * incompetência na ade-
quada implementação d* prog*am*ção orçamentár*a em tem* de educ*ção *ú-
b*ica, a falta de visão p*lític* na justa percepção, pelo administrador, *o enorme
significado social de *ue se **veste a educação infantil, a ino*erância funcional
dos gestores públicos na concre*ização das imp*siçõe* con*titu**on*is e**abeleci-
*as em favo* das pessoas carentes não podem nem devem representar obs*áculos
à exec**ão, pe*o Poder Públic*, da norma inscrita no art. 208, IV, da C*nstit**ção
da Repú*lica [...] *ão res**ldar *receito tão básico *omo a educaçã* repercutirá
num dano maior ai*** para a colet**idade do que eventual comp*o*etime*to
orçam*nt*rio transitório. (Síntes* da argumentação no período de 200* a 2012).2
A p*rtir ** 2009, o Judiciár*o catarinense afirma que, mesmo d*ante de que*tões
orçamentária*, não pode o admin*st**dor deixar de i*plementar ações para *rover * dire*to
à ed*cação, sob penas de se afi*u*ar inconstitucional*dade por omissão, considerada* in*ub-
sistente* as aleg*ções de falta de recu*so* *inanceir*s, u*a vez que a c*rga tr*butária no país
2
Trata-se d* u*a s*ntese *a a*gumentação *ecorrentemente e**ont*a*a nos julga*os d* um determin*do período, que
é indic*do e*tre parêntes*s ao fi*a*.
426
EJJL
Chapecó, v. 15, n. *, p. 42*-442, jul./dez. 2014
Restrição ao d*reit* à e*ucação i*fantil...
é dem*siadamente al*a. O *rin*ípio da pro*eç*o *nteg*al conferido a crianças e ado*es*ent*s
faz *r*valece* os direitos *estes em r*lação ao* i*teresses f**anceiros do En*e Público.
Decisões *e 2008 a 201* pas**m a consignar que, nos caso* em que o m**icípio
al*g* qu* está fa*e*do i*vestimentos no *primoramento do acesso à educação inf*nti*
e que o aumento de despe** *ess* área *ausará desequi*í*ri* financeiro, deve-se trazer
provas concretas d* q*e se afirma, sem apelos ao sub*etivismo, de *odo a *oss*bilitar
uma decisão pond*rada p*r par*e do Judi*iário.
* termo rese*va d* *ossí*el3 é ut*l*za*o *rinci*alme*te no* julgados a partir
de 20**, nos qu*i* se entende qu* a cláusu*a da reserva *o possível *ão pode ser motivo
para o in*dimple*ent* do Poder *úblic* co* os direit*s constitucion*lmente assegura-
dos, s*lvo j*sto mot*vo aferível.
Seg*e a síntese da exposição d*s argum**tos, s*par*dos conforme o pe**odo
em que foram recorrentes:
Nã* há que *e *essaltar que os direito* *ociais se enc*ntram submetidos à reser-
va do possível, por*ue "[...] a cláusu** da \reserva do p*ss**el\ - ressalvada a
o*orrência de ju*t* mo*iv* *bj*tiva*ent* afe*ível - nã* pode **r invocad*, p*lo
*stado, com a fin*li*ade *e exonerar-se *o cumprimento de suas obr*gações
cons*ituci*nais." (Síntes* d* argume*tação no ano de 201*).
T*m os julgadores refu*a*o as cor*iqueiras *legações *e clá**ula *a r*ser*a
** possível que poss* isentar a parte re*orrente de se* dever c*nstitucio**l.
(Síntese da argumentação *os an*s de 2*11 e 20*2).
A in*uficiência de recu*s*s orçamentár**s não pode s*r c*nsiderada um* mer*
f*lác**. Todav*a, observa-se que a dimensão fátic* da reserva do *ossív*l * q*es-
tão intrinse*ame**e v*nculada ao problema da escassez. *sse estado de esc*ssez,
muitas vez**, é resu*tado de um pr*ce*so de escolha [...] É *or es*e motiv* que,
em um primeir* mo*ento, a reserva *o pos**vel *ão pode s*r oposta à *feti**-
ção *os Direitos Fun*amentais, já qu*, *uanto a est*s, não cabe ao administrador
pú*lico p*et*ri-lo* em suas esc*lha* [...] A mera alega*ão de violaç*o da falta de
previ*ão na lei *rçame*tá**a ou violação à re*er** do po*sível, desprov**a de
outros el*mentos probatórios, n*o tem o *ondão de *ximir o pode* público d*
seus deve*es constitu*iona*s. (S*ntes* da argu*ent**ão n* a*o d* 2012).
Nos j*lga*os de 2011 afi*ma-se que a alegação da aplicação do perce*tual *í-
nimo estabelecido constitu*ion***ente para inv*stimentos em educação não exime a
administração de aportar *ais recurso*, caso *eces*á*io. * percentual mí*imo visa ga-
*antir * *iso do *nvest*ment*, não quer dizer que a obriga*ão do *umprime**o do direito
esteja at*ndid*.
Nos julgad*s d*tados de 2009 a 2012, o j*lgador vai ao *ont* de af*rmar que, se
necess*r*o, a municipalidade de*erá a*mentar os im*ostos de sua c**petência ou rearran-
jar as **ior*dades esta*ele*idas. Lev*nta a tese d* que a escassez *e *ecurso* pa*a o atendi-
3
Par* Lei*as (*0*6, p. *9), "[...] aquilo qu* o indivíd*o p*de e*perar *az*a*elmente da sociedade" quer dizer que o
*nd**ídu* t*m um direito fund*mental de*initiv* se os outros direitos fundamentais que com a*uele colidem não po*-
suem força sufici*nte para re*t*ing*-l*. Dessa forma, a re**rva *o p*ssí*el não signif*ca a *ão apli**bilida** i*ediata ou
ineficácia do direito fundamental, mas tão **mente a nec*ssid*de de po*deração com ou*ros princ*pi*s.
EJ**
Chapecó, *. 15, n. 2, p. 42*-*42, jul./dez. 2014
427
Marilia We*seler Jung, Aristi*es Cimadon, Jéssica R*mei*o *ota
ment* de demandas básicas poderia a**i* não so*ente ** ausência *ater*al de recursos,
m** *e u*a polít*ca *e prio*idades equivo*ada. S* *onstata*a a eleição de p*ior**ade* n*o
pr*porcional, deve o Ente Público ser *ond*zi*o a *lterar **a* *s*olhas de modo a at*nder
aos anseios *a** *r*e*tes da s*ciedad*, como o direito bási*o à educação. I*cl*sive, é por
conta da escassez advi*da das escolhas, que o *ulgador entend* n*o s*r aplicável a *eserva
do possíve*, pois não ser*a líci*o ao admin**trador não pri*r*zar o* dir*itos funda**n*ais.
2.2.2 Julg*dos que se c*ntr*p*em *o entendi**nto maj*ritário
*os *nos 2007, 2008 * 2011, hou*e oc*rrê*cia de ju*gados em que, não obstan-
te * entendime*to majoritár*o d* Tribun*l ser nesse per*odo o d* efeti*ar * di*eito a*
ensino i**antil, pr*valeceu arg*mentação diversa, que pa*sa * ser anal*sada b*scand*
ide*tificar p*rti*ularidade* que *usti*i*uem * d**er*ênci* j**isp*udencial.
** an* 2007, há uma decisão e* q*e o Tribu**l não a*endeu ** pleito proposto,
a Ap*lação n. 200*.048011-0. No*e-se que se trata*a do **querimento da criação de sig-
nifica*iv* *úmero de vagas n* ensin* infanti*:
A análise de *asos como este deve ser so* * p*isma da ca*acidade fina*ceira do
Munic*pio. A i*esperada criação de *88 vaga* e* cre*hes e pré-escolas muni-
ci*ais * a ine*istênci* de re*eit* pode *ausar um gravame *os cofres públ*cos
e *m desequilíb*i* no o*çamento do pe*ue*o Município, ten*o em vi**a **e
essa elevada desp*sa pública não est*va pr*vist* e nem autorizada pela L*A
(Lei *rçamentária Anual). (SAN*A CATARINA, 2007).
E*t*ndeu-se, nes*e ca*o, que a *mpo*ição da c*iação de v*gas em elevado nú-
m*ro merece análise mais c*idad*sa, pois acarreta*ia custos elevados a* erário sem p*é-
*ia dota*ão or*amentár*a, o que *oderia causa* sério d*sequilí*rio financeiro ao *nte
P*blico. *efendeu-se que os *astos devem se* *revistos na forma *e lei orçamentária,
sen*o pre*rog*tiva do Poder Executivo a eleição da alocação de recursos.
Ademais, *o refer*do julga*o, *enota-se que houve compr*va*ão por p*rte do
P*der Pú*l*co de aç**s concretas n* sentido d* a*mentar a *ferta de vagas *m estabele-
cimentos de **uc*çã* infantil, send* *nclusive a des*esa com *duc*ção a se*unda maior
do município, a*ega*ões e*t*s com*r*va*as documentalm*nte.
Em 2008, há registros d* *ua* decisões *ontrá*ias * efetivação do *ireit* ao
ensi*o in*anti*. Diferentem*nt* do julgad* de *007, houv* a utiliz*ção de *rgu*entação
sem*lha*te a q*e *e via exposta nos julgados até 2*05. Um dos casos versa s*bre * oferta
de vaga* na rede municipal a todas a* cr*anças na faixa etária *e zero a seis anos qu*
requeiram (Agravo *e *nstrumento n. *00*.051445-2), o out*o e*a limitado à c*n*es*ão
d* v**as * dez inf*ntes (*pelação n. 2008.003457-9).
A argum*nt*ção foi ba*ic*mente no sentido de *** a **lica*ã* de recu*so* deve
o*edec*r ao instituí** em *ei **ça*entária, send* defe*o a* Poder *udiciário interfer*r
em quest*es dessa natur*za. O não atendimen*o da tota*ida*e de *rianças que deman-
dam atendimento em c*eches e pré-escolas não signific*ria q*e * direito ass*gurado *a
Cons*itui*ão e pormen**izado nas leis infrac*nstitucionai* não esta*ia sendo cumprido.
4*8
EJJL
Chapecó, v. 15, n. 2, p. 421-442, *ul./dez. 20*4
*e*trição ao d*rei*o à ed*cação infan*il...
Consig*o*-se que os provimen*os judiciais *ue con*emplam os deman*antes
*nd*v*du*lme**e **nsiderados afe*am o interesse d* socied*de, pois d*s**ticulam o pla-
nejamento e *s programas pedagógico*, ressa*ta*do-se o fato de que o atendimento ime-
diato e universal do di*e*to se cons*itu* em m*dida n*o *ot*da de pr*porcionalidade
diante *a re*lida** social em q*e o pa*s es*á in*erido.
O único j*lgado de 2011 que nã* p*oveu o pleito, o Agravo de Ins*rumento n.
20*1.002855-*, v**sa sob*e a cr*ação de 1.073 vagas n* rede **nicipal ** *nsino, visan*o
at*nder a crian*as menores de seis a*os de idade. Interessante *otar que houve uma
i*v*rsão do ônus de comprovar * falta de recurs*s dis*oní*eis.
A di*cricionarieda*e administrativa deve ser **s*e*t*da, sob pena d* malf***-
ment* ao princ*pio hie*ático *a sep*raçã* d*s Po*ere*. Inexistindo, nos autos,
prova de que ** recursos disponíveis pa** adequar, neste momento, como auto-
rizado pelos artigos 40 a 4* d* Lei *. 4.320/64, a lei orçamentária anu*l vigente
no *unic*pio, pa*en**ada res*a a perda *e ob*eto. (*ANTA CATAR*NA, *011).
A maioria d** julgados, a part*r de 2006, atribui a prova da inexi*tência de *rça-
mento ao Ente Públi*o, ao p*s** *ue nessa decisão o ô*us da pro*a foi atr*buído ao M*ni*-
tério Pú*lico, *ue propôs a ação, *as não demonstrou a exis*ência *os recu*so* ne*essár*os,
mo*ivo qu* levou o julgador * pressupor *u* não haveria dotaçã* *rçamentária disponível.
Houve argui**o da *eparação d*s P**eres e respei*o à disc**cionariedade ad-
ministra*i**, com conse*uente pro*bição ao Po*e* Judiciário de determinar para quais
á*eas o administrador deve *esti*ar o dinh***o púb*ico, além da necessidade de ad*-
quaçã* das demandas atendidas à existênci* de recursos necessár*os à sua c**cretude.
2.3 Discussã*
Important* de*tacar que a presente pesquisa teve alg*n* *esultad*s semel*a*-
*es a*s encontra*os po* Wang (2008, p. 14) quando analiso* julgado* do **pr*mo Tri*u-
nal Federal que tratam de pe*ido de faze*, *or *arte do E*tado, em matéri* de edu*aç*o:
são refe*e*tes à ofer*a *e *agas em cre*hes e pré-escolas; todas ** açõ*s foram propostas
pelo M*ni*tério Públ**o; *s de**s*es sã* rec*ntes, a *a*s antiga encontrada pe*o
autor
dat*da d* 2*03; nesta p*squi*a, a mais anti*a é de 2001.
* estudo seme*ha*te realizado por Araújo (200*, p. 4) em rel**ão a julgados d*
S*premo Tribunal Federa* no perío** de 2004 a 2008 ta*bém teve pontos convergentes,
à med*da que a pa*te aut**a era o Mi*istéri* Públ*c* * buscava o acesso *o ens*no i*fan-
*il. As alegaç*e* s*scitadas por ambas *s part**, M*nistério Público e municípios, foram
basicamente n* mesmo sent*do q*e as encontrada* n* pre**nt* t*abalh*.
Como bem lembra Silva (2011, *. 5), a Emenda Constitucional n. 53 d* 2006 t*r-
nou poss*v**, p*r m*i* d* criação do Fundo de Manu**nçã* e Dese*volvime*to da Edu-
ca*ão Bási*a e de V*lorização dos *rofissionais da Educaçã* (Fundeb), o *epass* de recur-
sos para i*vestimentos *m toda* a* etapa* da e***ação, em especi*l da educaçã* infantil,
o *ue não era possível q*ando da v*gência d* Fundo de Manutenç*o e Desenvolvimento
EJJ*
Cha*ecó, v. 15, n. 2, p. 42*-442, j*l./dez. 2014
*29
*ar*li* Wesseler Jung, Aristides Ci*adon, Jé*sica Romei*o Mota
do *nsino Funda*ental e de Va*orização do Magistéri* (Fundef), implant*do pe*a Lei n.
9.424/*6, que vigorou *ntre 1*98 e 2*06.
A implem**tação *e um progra*a que per*it** a ampli*ção do ap*rte de rec*r-
sos ao ensino, e* *special à educação i**antil, pode ter contribuído para * muda*ça de po*i-
cionam*nto do T*ib**al cat*rinense, cons*d*ra*do **e houve um fortalecim*nt* do poder
*e ação do* Entes mun*cipais ne*sa área, com proporcional aumento da respo*sabilid**e.
Uma das hipótese* le*antadas an*es da rea*ização *este *studo foi de que *
açã* *onsi*era*a p*radi**a, arguição de descump**mento de preceito fund*mental
(AD*F) núm**o 45, d* Relato* *ini*tro Celso de Mello, cujo jul**mento ocorrera e*
29 d* abr*l de *004 pelo Supremo Tribunal Federal, t*ria sido a p**ra angular d* uma
po**ív*l m***nça de posi*ion*mento por parte dos *r*bunais inferiores. O**rre *ue a
r**erida *ção foi *b*eto de análise em 2004, ao pas** que * Tribunal de Justiça de Santa
Catar**a, a* me*os, som*nte r*f*rm**ou sua opi*iã* em 2*06, dec*rr*do signif*c*tivo
l*pso t*mporal. Inegáv**, porém, a in*luência da *inha argum*ntativa expo*ta na AD*F
n. 45 sobre as d*ci*ões *xaradas pelo Tribunal *pós 2006. Por**nto, a ADPF n. 45, s* **o
a principal razão *e mudanç* de paradigmas ** Tribunal *a*a*i*ense, é d* g*ande im-
*o*tânci* para * fundamentação de *uas **cisõe*.
Wang (2008, p. 16) *az referência à abstração com *ue os temas "reserva do po*sí-
*el", "custos dos direit*s" e "escas**z de r**ursos" são tra*ados nas d*cis*es anal*sadas,
sem que *eja *ossí**l *aber, no c*so c*ncre*o, o que seria um *edido razoável, a maneira
de s* afe*ir a c*pacida*e financeira do *stado e os *asos e*cepcionai* nos quais c**e
i*t*rven*ão do Pode* J*dic*ário.
* partir d* o*ra de A*exy (*011, p. 515), pode-se conden*ar um con*eito de di-
reito fun*amentais *o*o direitos de nít**o ca*áte* principio*ógi*o (ALEX*, 2011, p. 90),4
que gan*am contornos à medida que a part*r deles são formul*dos deveres definitivos
exigíveis do Estado, rel*tiva*ente co*siderados no *as* concreto precipua*ente p*r
meio de um processo ra**onal *e sopesamento (A*EXY, 2011, p. 95).5 A*v*rte ain*a que,
sendo vincul*nte, *m direito prima fa*ie6 não *ode ter seu conteúdo aniquilado po* uma
cláusula ** *estrição, *m ou*ras palavra*, reserva do possível, *a* *penas q*e deve**
passar p*lo proces*o de s**esa*ento dian*e d* *al cláusula.
Timm (2010, *. 60-61) *az objeção ao modelo a*gumenta*ivo de A*exy, *firman-
do que não é ca**z d* fornecer orientação interpretativa ou precisão em relação ao m*-
lhor resultad* para a sociedade. Para e*e, a disputa *ão deve ser preo*upa*a a*enas com
a ar*umentação jurídica preponderante, mas princi*almente com o resultado do embate
a**umentativo. Co**lui **e a *elhor s*lução não está, po*ta*to, no **lh*r argument*,
mas na an**ise d* cus*o-*e*efí*io *nvolv*do *m *ada es*olha.
4
Princípios são normas que o*denam que al*o seja r*alizado na m*ior medid* possível dentro das possibi*id*des jurí-
dicas * fát*cas *x*st**tes.
5 O ob*et*vo do sope*amento * definir *ual dos inter*sses - que *bstrata*e*te estão no me*mo nível - tem mai*r peso **
caso concr*to.
6 Dir*itos prima facie possuem n*t*r*za prin*ipiológi*a, sendo previstos d* *or*a ampl*, cu*o *onteúdo definit*vo *
molda** pelo *on*lito co* outros prin*ípi** ou regras, por meio *o processo de *opes*men**.
430
EJJL
Cha*ecó, v. 15, n. *, p. *21-*42, jul./de*. 20*4
*estriç*o ao dire*to à edu*açã* infant*l...
Apesar desse caráter principio*ógi*o, cujo deve* defi*it*v* soment* é *st*bele-
*ido no *aso concreto por meio de sopesamento, ou mesmo pela identifi*a*ão do m*lhor
cus*o-benefício *nvolvid* no processo de escolha entre d**eitos c*nflita*tes, não se v***-
f*ca, na ma*oria dos jul*ados e*tudados neste *studo, qua*quer exercício de pon*eração
en*r* o direito ao ensino e a res*rição orça*entá*ia. Não foi possível ident*fica* cri*ér*os
que possibilitem saber o que precisame*te seria **a s*tuação financei*a do En*e Público
i*pedit*v* da efetivação do di*eito *o ensino *nfan*il.
A *uestão refere**e ao *le*to j*dicia* de di*ei*os s*ciai*, apesar de já muito
deb**ida, é sempre tema espi*hoso, p*r env*lver gasto*. *uito côm*da a *o**ção
d*
Tribunal *n*e**or a 20*6 por **ixa* de s* envolver na disc*ssão, aleg*ndo o pr*n*ípio
da *epa*ação de p*d*res e simple**ente deix*n*o o *ida*ão, embora tendo o direito
est*m*ad* na *arta M*ior do Es*ado, *em a análise prop*iamente *ita de se* pedido.
Para A*exy (2*11, *. 512-513), os própri*s direitos sociai* *íni*os, considerados
indispens*ve** à sob*evivência, como alimenta*ão, s**de, educação, entre *utros, tornam-
-se d*masiadamente *nerosos qu*ndo há *m gran** número de *essoas que prec*sam *er
esse nú*leo **sen**al garantido pelo *stado. N* ent*nto, para *le, iss* n*o justi****ria sua
não exi*tência, p*is o p*i*cípio d* *ompet*ncia par* dispor do orçamento não é absoluto.
Questi*nável é * ise*çã* *o *oder Judiciário em *e*ater frontalmente uma
questão que lhe é pertinente: o direito está, no ca*o con*r*t*, ao lado ** q*em, afina*?
Es*a é * p*r*unta que, em *pertada síntese, é feita sempre que alguém interp*e um pe-
d*d* na via judicial, não deve*do permanece* sem **s*osta.
Não ef*tiv*r um direito s* *lega*d* tratar de norma p**g*a*átic*, sem, no
entanto, est*belec*r um cronogra*a ra*oável de *mpleme*tação é a pr*pria ne*ação do
d*reito, que não tem serventia ao *esti*atário sem qu* h**a uma f*rramenta hábil d* seu
assegura*ento.
Os julgados a partir *e 20*6 apresentam uma *pin*ão *otalmen*e diversa, em
sua *aioria, af*rm*ndo *ue o direi*o a* en*ino, inclusive o ensino *nfa*til, é *ireito "*n-
*isponível, inalienável, ir*enunciá*el * imed*a*o, exigível desd* logo". Toma-*e, desde
então, o *nsin* infantil como um dir*ito absoluto, c*ntra o qual n*o se per*ite qualquer
res*rição, i*clus*ve as pau*ad*s em q*estões finan***ras. A questã* atine*te à dis*ricio-
nari*dade administrativ* seri* tão s**ente em re*ação *os meios de se efetivar o *ire*to,
mas não *u*nto à s*a im*l*me*tação.
*maral (2001, p. 78) co*d*na com a impossibi*idade *e direitos absolutos: "Na*a
qu* custe din*eiro p*de ser a*soluto. Nen*um direit* cuja efet*vidade press*põe um gas-
to seletivo dos va*ores arr*ca*ados dos cont*ibuintes pode, *nfim, ser protegido de manei-
ra unilateral pelo J*diciário sem consideraçõ*s às consequências orçam*ntárias."
Sarlet (2007, p. 381) *e posiciona no *e*tido de que, a* c**trário do pensamen-
to *e alguns *outrinadores e e*t*dio**s que afi*mam *er a rese*va do possível apen*s
uma falácia, * re*erv* *eve *e* l*v*** a sério. O que p**a ele t*m *ido uma faláci* é a
mane*ra co*o o argumen*o *a r**e*va do poss*vel tem si*o *t*liza*o, a fi* de *mpedi*
a efeti*ação ** dir*itos fundamentai*, *o*ad**ente direit*s f*nda**nt**s sociais, como
a*gumentação g*n*ri*a e se* fu*dam*ntação convinc*nte. A*uz que * i*c*mb*ncia do
EJJL
*hapecó, v. 15, n. 2, p. 421-442, jul./dez. *014
*31
Marilia Wes*eler *ung, Aristides Cimadon, Jéssica R*meiro *ota
Pode* Pú*lico provar a efetiva f*lt* ou insuficiência de *ecursos ou su* eficiente aplica-
ção q*ando al*g*r a reserva do possív*l.
Wang (2008, p. 3) *a*bém a*irma que, como n*o cabe a** Pode*es *xecutivo
* Le*isla*i*o de*cu*prir os mandame*t*s c**stituci**ais, * *iscricionari*dade é re*e-
r**te aos m*ios pa*a que o* direitos, entre eles os sociais, sejam implementados. Como
o m*nd*men** *onsti*ucional é claro, há o *n** argu*e*t*tivo qu*ndo, *or qualq*er
motivo, esses direitos *ã* e*tã* ao alcance *e seus destinatários. **sa a*g*ment*ção,
q*e por ce*to se r*fere a questões como custo* d*s direi*os e e*cassez de r*cur*os, d*ve
o*servar, no ent*nt*, que * escassez *ão deve *er *arreira absol*ta à efetivação *o man-
damento **nstituciona*, sendo somente um elemento a ser ponderado.
Amaral (20**, p. 214-215) apresenta um model* que c*ns*ste no seg*inte: o ci-
dadão t*m o direito d* exigir certa* prestações positivas do Est*do, o qual *stá o*rigado
a prestar a assi*tência ou, do co**rário, jus*ifi**r o porquê d* *ão ter feito. A justi*icativa
con*iste *asic*ment* na demonstra*ã* d* cir*uns*âncias concre*as que *ão permite* o
atendiment* de toda* as demandas pre*tacio**is (o autor convencionou ch**ar *ssas
ci*cu*stânc*as de excepcionalida*es), o que leva à necessida*e de *eali*ar "esco*has trá-
gicas". O modelo é re*re*e*t*do pelo Gráfico 2.
Gráfico 2 - Grau de es*enci*l*dade em r*zão d* grau de excepcional*dade
Fo*te: adaptado de Amaral (*0*1, p. **5).
Amaral (*001, p. 215) eluc*da que o gráfico d**e ser interpretad* *e *odo que,
em um ponto ideal convencional*ente chama*o de 1,1 existe u*a medida de esse*ci*-
lidade e um* medida d* excep*ionalid*d*. *aso *ão haja qualquer g*au d* essenciali-
dad*, *ntendido como ligado à ide*a de ***imo ex*s*encial e à dignidad* da pes*oa hu-
m*na, então não há escolha a se fazer. Caso não haja grau de excepcionalidad*, *or seu
turno, signi*i*a que não há *azão para se dei*ar *e at*nd*r à demanda, e*tão a pres*ação
deve *er realiza*a.
Nas *ecisões analis*das, verifica-se que, somente a partir de 2008, * Tr*bun*l
de Justiça de San*a Ca**rin* passa, de modo g*ral, a *ntender que a si*ples a*egação de
432
EJJL
Chape**, v. 15, n. *, p. 421-4*2, jul./dez. 2*14
Re*trição *o direito à educação inf**til...
fa*ta de recursos ou de e*entual *eseq*ilíbri* financeiro do Ente Público ao ass*gurar o
direito à educa*ão n*o é su*iciente qu*ndo nã* tem provas que corrob*rem as alegações.
** fal** *essa comprovação, presumem-se as aleg*ções insubsis*entes.
Na vi*ão de *ilva (2011, p. 3), as dema*das na ár*a dos Direi*o* Soc*ais s*o
maiores do que a c*pa*idade *inanceira dos Entes P*blicos, * que po* si *á rest*inge o
atendime*t*. Desse *odo, o Pod*r Judi*iário precisa *tilizar * *rin*ípio da razoabilida-
d* quando pretende *fetivar u* *irei*o, avali**do c*ida*osamente a* *ossibi*idades
f**ancei*as dis**níveis e a*ribuindo pra*os compat*veis **m a prestaçã* e*i*ida. A *a-
zo*bilidade aqui tem r*lação com a cláusu*a da reserva do p*ssível.
Essa também é a fala de Wang (2008, p. 2), par* q*em o gasto de recursos p*-
b*icos é o ponto central do debate quant* à exi*i**lid*d* j*di*ia* do* direitos sociais. Por
*e*to, *a opi*ião do estudioso, os gastos para fornec*r a *odos os cidadãos todos os direi-
tos *revisto* *onstitucion**mente são m*i*res do q*e a disponi*ili*ade finance*ra do Es-
t*do, o q**, inarredav*lment* leva à si*uaçã* de *alta *e din*eiro para t*telar um **reito
*ue o gestor p*blico *o*siderou mais import*nt* quando *utro é *rovido judic*a*mente.
Nas palavr** do *u*or, "A esc*ss*z *e recurs*s exige que o Estado fa*a escolhas, o que
**e*sup** p*efe*ência* e que, po* *ua vez, pressupõe preter*dos."
Na maiori* do* julgados analisados, poré*, não se ver*fi*a a prática d* al*um
j*ízo cla*o de po*deração. Anteriormen*e a 2*06, s*mplesm*nte o *ribunal ca*arin**se
se f*rtava a *nterf*rir n*s *olíticas *rç*mentár*as, sem m*iores discussões do caso sob
anális*, a* pa**o *ue a pa*tir dis*o o direit* ao ensino infantil passou, com raras exc*-
ções, a ser co*s*d*rad* como um di*eito abs**uto.
Para Marinho (2009, p. 15), essa d*cotomia p*de *er explic*da da seguinte for*a:
N*s *ol*es em que hoj* se **c*ntra, o Judiciár*o brasile*ro não tem *erramen-
tas instit*c*onais pa** lid*r adequ*damen*e c*m * *onfl*to plurilateral7 [...] Ele
é ob**gad* a decidir na forma do *u*o o* nada: ou co*cede o pedi*o * intervém
na política do E*tado; ou *fasta-o sustentando que não cabem i*terve*ções na
discricionarie*a*e do* Poderes Públic*s.
Afirmações como "[...] *ão cabend* tergiv**sar mediant* escu*as *elacionadas
co* a deficiência de ca*x*. Eis a e*orme carga tributária s*portada no B*asil a contraria*
e*s* eterna l**ga-lenga" emp*brecem o debate, pois s*o fundadas em *m id*al sem
b*ses conc*etas. O fat* de h*ver *r*nde arr*ca*ação, não a*segura, por si *róp*io, que
todas *s m*zelas de *m *st*do estejam *esolvidas. * p*eciso uma análise mais po*me-
nor*zad* da ma*eira como esses recurs** s*o geridos, um rearran*o *as *ri*ridades, a
partir de e*tão, * debate nesse sentido ter*a *onsistência (WA*G, *008, p. 1*).
Conforme observação de Silva (2011, p. 2), *uito em*ora *ejam utilizados ar-
gum**t** no *entido da impossibili**de da e*pans*o e da me*hori* na of*rta d* vagas
7
Os *feitos da deci*ão não se restringem às par*e*, mas afetam a distri*uição de recursos pú*licos e * unive*sali*ad* de
acess* à p*l*tica públi*a (M*R*NHO, 2009, p. *).
E*J*
Chapecó, v. 15, n. 2, p. 421-442, jul./dez. *014
43*
*arilia W*sseler Jung, Arist**e* Cimadon, J**s*ca *omeiro Mota
na educaçã* in*ant*l, estes raram*n** e*tão acompan**dos de d*d*s que possibilitem a
c*mprovação das limita*õe* or*amentár*as *leg*das.
Da *e*ma forma *ue si*plesmente alegar *alta de r*cu*sos sem demon*tr*ção
no p*ano fátic* é consi*erado u* dis*urso vazio, a alegação de *ue existe* recursos
po* conta da alta car*a tribu*á**a, sem qu* se demonstre * ** ge*tã* desses recurs*s,
ta*bé* é uma fala dotada de de*asiada subjetivida*e. Ressalte-se q*e a *rova da cor-
*eta administ*ação de recur*os *eve ser atribu*da *o Ente P**l*co, que por sua naturez*
possui a *bri*a**o de prestar contas da gerênci* da c*is* pública.
Po*e-se considerar, no e*tanto, grande avanç* verificável em alguns *ulgados
mais recentes *el* exi*ência da comprovação do esf*rço do Ente Público em atende* à
demanda, além do **sequilíbrio fi***ceiro que o provimento judicial de va*as causaria.
Quanto à decisão de 2007 qu*, excepcionalmen*e, não conced*u p*ovi*ento ao
pleit* de fornecimento de v*gas no ensino i**antil, *b**rva-se que se t**t*va ** número
relativam*nte alto
de vagas. N* c*so, o *nte *u*icip*l trouxe documentos *u* com-
p*ov*m qu* está aume*tando a ofer*a do ensino *m creches e pré-esco*as, e *ue grande
p*rte de s*a receita é ap*icad* n* educação.
O Trib*nal, a* analisar os argumentos, con*i*erou as alegações *o município.
Ocorr*, porém, q*e sob o ar****nt* de que **o é po*sível a*sumir gasto* dessa monta
sem *st*r*m cont*dos n*s *ormas o*çament*r*as, o Tri*unal nem *o m*nos, p*rt*nto,
orde*ou que a* vagas neces*árias fosse* *n*luíd*s no planejame*to *r*amen*ário s*-
*uinte, simp*esmente *eg*ndo o pedido a*s *en*r*s.
As dec*sões *e 2*08 que não *eram provime**o ** *edido *e vagas, p*r
*** turno, tão some*te argumentara* no mesmo senti*o das *ecisõ*s profe*idas
ante*i*r*ent* a *006, n** quais o T*ibu*al se furta de u** análise m*is pormenorizada
da realidade fát*ca que envolvia os casos.
Em 2011, *m* única decisão entre as a*al**adas não efet*v*u o direito ao ensino
infantil, no qual havia o pedido de grand* número de va*a*. Interessan** notar q*e o
Ju*i**ário catarinense *tribui* ao autor, Min*s*éri* Público, * ôn*s de comprovar qu*
exi*t**m *ecu**** financeiros p*r* tanto. Não obstan*e, o princípio pro*es*ual de *u* a
prova cabe a que* alega, nos pro*im**tos judiciais des*a espécie, tem-*e a peculiari*a-
de de que a pres*ação de contas é i*erente ao exe*cíci* d* admin*stração do* interesses
da col*tividade. Port**to, * o Est*do, assim como se v*rifica em outras decis**s anali-
s*das, que *eve dem*nstrar por meio de element*s objetivo* a b*a gestão do dinhe*ro
pú*lico e a razoabilidade de s*a* es***has.
Int*ress* destacar que uma at*aç*o do Judiciá*i* não criteriosa, interferi*o de
modo p*iv**o e* u*a análise mais d*t*da *a* questões já expostas neste trabalh*, po-
deria en*ejar um d**equilíbrio *o En*e Públ*co; o qu* não é desejável, posto que o *udi-
ciá*io *ossui uma visão fra*mentada no caso s*b análise considerando q*e as demandas
chegam ao seu co*h*cimento sem que se p*s*a s*r feit* um prognóstico dos pedid*s e
dos efeitos fina*c*iros *u* deles decorre*á.
De gran*e relev*ncia é * t*nsão entre mic*o e *a*roju*tiça trabalhad* na o*ra
de Amaral (*001, p. 39), * q*al cons*st* em *ssegurar n* c*so con*r*t* uma s*luçã* que
43*
EJJL
*hapecó, v. 15, n. 2, p. 4*1-442, *ul./d*z. 2014
Re*tri*ão ao d*reit* à ed**ação infan*i*...
possa ser igualmente as*egurada a tod** os que se e*contrem ou *en*am a se encontr*r
*m sit*açã* análoga a do de*andante, so* p*na de f*rir * *son*mia.
Amaral (2001, p. 146-147) de**nvolve o r*c*oc*nio no senti*o de que a aná*is*
d* *aso co*cret* judicialment*, de forma isolada, não revela *ma situa*ão de escassez
de recursos, pois nã* há p*estação que, isola*ament* *ons**erada, suplante os recursos
pú*lico* disponíveis. Dessa for*a, * julgador d*ve te* es*ecial se*s*bilidade a* pe*cebe*
que a *o** de vár**s demandas, no entant*, pod* dilapidá-los de *orma significativa.
A*esar de sua indiscu*ível funda*enta*ili*ade, n*nhum dir*ito po*e se* to-
m*do como absol*to. Di**te de *ua p*nderação *m re**ção à vinculação do adm*nistra-
dor * pro*eção d* gas*o* na* leis orçame*tárias, uma *ltern*tiva s*ria a obrigação, por
pa*te d* Poder Judiciário em rela*ão *os Po*er*s compe*entes *ara *an**, da inclusão
na previsão or*ament*r*a *eguinte dos *ecursos necessári*s à implem*ntação das *agas
n**essár*as pa*a o ensin* in*antil, de*se mod*, pe***tindo u*a adeq*ação financ*ira
e organizacional *o Ente *úblico, o que *eria razoáv*l. Exigir que se façam gastos, em
*uit*s casos signific*tivos, sem q*e haja um pl*nejamento ta*bém é prejudic*al.
Es*a também * a opinião de Silveira (*009, *. 14), para q*em:
Tal decisão (condenando o Municípi* a incluir as verbas ne**ss*ri*s à in*tala-
ção de creches no projeto de *ei orça*e*tária) pode *er uma das medidas para
sol*c*onar a problemática da exigênci* de c*nst*ução de *ovas unida*es, se
pr*ocup**do em respeitar as *mposiç*es da legi*lação fis*a*, ma* *brigan** o
m*nicí*io a expa*dir o atendimento, read*q*ando o o*çamento.
O que impor*a ressaltar é que o direito ao en*in* infantil, bem como outros
dire*tos constituc*onalmente a*se*urado*, não pode deixar de ser efeti*ado, m*s a m*-
nei*a de fazê-lo p*de ser adequada, de modo a possibil*tar os *juste* necess*r*os e e*itar
o prejuízo d* out**s di*eito*, tão importa*te* qua*to.
Pode-se extrair, *e modo geral q*e, m*ito embora a *ust*cia*ização do direito ao
ens*no inf*ntil se*a *ma *erramenta importante na s*a imp*e*ent*çã*, os prov*ment*s
judiciais ne*se sentido poderiam acarr**ar a nã* *so*omia d* tratamento.
Quanto à atuação do Ministé*io Púb*ic*, Rosa (2011, *. 18) reconhece *ue:
Salvo *aras exc*ç*es, *a ú*tima década, tra*alhamo* *ara o asseg*rame**o do
direito à edu*a*ão inf**til, no âmbito i*dividual, a*end*ndo às de*andas pon-
tuais de creche e pré-e*cola que chegaram *s Pro*otor**s d* Just**a d* todo
o Estado. Ao *estringirmos *ossa a*ão *os casos i**iv*duais, *e*cu*dam*s da
importância da dimensão coletiva de i*cremento *s vaga* na e*ucaçã* in*antil.
Timm (20*0, p. 61) def*nde que, no caso de dem*ndas jud*ciais por *ire*tos pres-
t*ci*nais, há de se dar prefer*ncia por ações coleti*as *or serem a* mais democráticas,
melh*r con*idera*em os **eitos para * coletividade e asse*urare* o tratamento igua-
li*ár** a todos que *stejam sob as *esmas circuns**ncias. A d*manda indi*idual pode
ocasionar uma quebra da is*nomia p*r favorecer o deman*ant* de forma *solada e oca-
siona*, porta*to, efeito* prejudici*i* a toda a *o*etiv**ade, além de signific*r *esperdício
p*ocessual pelas *ári*s *eman*as com o mesmo *bjeto.
EJJL
C*apec*, v. 15, n. 2, p. 421-44*, jul./d*z. 2014
4*5
Marilia Wesseler Jung, Aristides *i*a*on, Jéssi*a Rom*i*o **ta
E*sa é * *isão *e Marinho (**09, p. 19) ao conclu*r que:
*onflitos de d*reitos sociais demand*m planejamento e pre*isão orçam*ntár*a
para a sua adequada conc*et*zaçã*. N* *ntanto, * fa**a d* disponibilidade de
a*en*a do Judiciá*io despontou-se como um *m**rtante limi*e in*t*tucional:
sendo u* Pode* inerte, * Judiciá*io não tem co*o escolher prio*i*a**s en*r*
as aç*es que lhe s*o co*ocad*s. E, nes*e ponto, *x*rai-se * g*an*e pro*lema
apontado pela crí*ica da capacid*de instit*ciona*: atua*do de forma *ragmen-
t*da * **diciário c*rre o *isc* d* criar dist*r**es nas polític*s pú*licas, dando
priv*légios para alguns cidadãos ao con*eder bens ***, de *ntemão, já s* sabe
q*e não são univer**lizáveis (*ada a esc*ss*z de recu*sos).
C*nc*u*ão
O Tr**unal de J*stiça *a*arinens*, ant*riormente a 2*06, *inha uma post*r* d*
isenção em relação à análise ao *ire*to f*n*amental ao ensino *nfantil, rel*gando os *es-
tinatários *e *a* dir*ito * d*s*ricionariedade do adm*nistr**o*, o *ual de***ha o pod*r
de escolha qua**o à aplicaç** do* *e*ursos públicos. A*ós 2006, h**ve uma muda**a
brusca de en*endimen*o, e o Tribunal passou de expe*t*dor a prota*onista da re*lizaç*o
desse *i*eito, a*segur*ndo, na *uase totalidad* dos cas*s analis*d*s, * acesso ao **s*no
i*f*n**l. De ** oposto ao outro, no **tan*o, veri*ica-se que nã* há *m cl*ro **siciona-
mento do J*diciário ca*arine*se sobre os critérios a serem uti*izado* *uando *a de*ini-
ção do qu* se*ia um pedido razoável, propo*cional economicament*.
Muit*s ve*es sã* uti*izadas li*has argume*tativas falac*os*s, como: a alta carga
tributári* faz pr*su*ir que há dinheiro pa*a a implementação dos dir*ito* assegur*dos
na legisl**ão pátria; e a absolutiz**ão de dir*itos s*m um exer*íc*o de sopes**ento, a
exemplo: a i*plem**tação dos direitos, m*smo os considerado* fundamenta** * previs-
tos constit*c*onalmente, *ica sob a discri*ionar*edade do Pode* Executivo, sem pos*ib*-
lid*de de discuss*o judic**l dos critérios relativos à aplicação de r*cursos, ou *in**, se o
direito é previs*o constitu*ional*ente *á de ser ass*gurad* pron*amente, dispensada a
análise q*ant* a *ondiçõe* físicas e financeiras, ou di*ponibilizaçã* de tempo hábi* para
a *mpleme*ta***.
A partir da teoria dos princípios elabora*a por A*exy, *erifi*a-se a n*cessidade d*
uma ponderação entre direitos, até mesm* os consi*erad*s fundame*t**s, posto que não
pode h*ver direito *bsoluto, nem *bs**ut*ment* *eg*do em u* Estado Democ*ático
de
*ireito, e a*nda, que *ma sentença se utili*e do crit*r*o do tudo ou n*da, é *r*ciso que a dis-
cussão pro**ssu*l seja fundam*nt*d* em fatos e não somente em co*ceito* aparentemente
p**-formulado*, como os qu* comu*ente fo*am visualizados *as decisões analisadas.
Recomenda-se q**, quand* o Ente municip*l fizer prova de **e *ão possui ca-
pacidade financeira ou q*e est* será afetada pe*a a*pl*aç*o das vagas n* ensino i*fa**il
pretendida, seja a **ci*ã* pela *ua inclusão no exercício orç*m*ntár*o segu*nte, possib*-
litand* um* adequaçã* do Poder Público, de modo * cum*rir com seu mister sem abalos
es*r*turais e de modo hom*gêne*, abr*n*end* os infantes que, muito em*or* seja* da
mes*a form* des*in*tário* *a *orm*, não recorreram ao *ode* Judiciári*.
436
EJ*L
Chap*có, v. 15, n. 2, p. 421-442, jul./dez. 2014
Restri*ão ao *ire**o à educ*ção infantil...
É *ecessári* um ma*or aprofundamen*o da *otivação que le**u a uma mudan*a
tão agu*a em um curto espaço de tempo, com ente**imento substanci*lmente di*erso do
anterior. Poss*ve*mente há i*fluênc*a dir**a do posicio*ament* adotado pelos *ri*u**is
sup*rio*es, em espe*i** do Superior ***bunal de *ustiça e d* Supremo Tribunal Federal.
Sem se deter muito nes*e aspecto, visto que não é o objet**o pr*nc*pal da pre-
sen*e pesquisa, realizou-se uma busca nos sites *e ambos os tribunais (<http://ww*.
stj.jus.br> e <http://w*w.stf.jus.br>), tendo como termo-chave de pes*uisa a pa*avra
"i*fantil", a f*m ** e*contrar *s p*imei*os jul*ados q*e *rat*ssem do *ornecimento de
vagas n* ensino inf*n*il.
No site do Suprem* Tri*unal Feder*l, foram en*ontrad*s dois ju*gados de 20*5,
o RE n. 41*71* Ag*/S*, re*atado pel* Ministro *elso *e *ello e j*lga*o pel* Segunda
T**ma em 22 d* novembro *e 2005, e a decisão monocrática RE *. 436996/SP, ta*bém
t*ndo como *elator o Ministro Cels* de **llo, jul*ada e* 26 de ou*ubro de 2005. Es*as
duas de*isões for*m no sentido *o provimento d* pe*ido de vagas *o ensin* infanti*
*om a*gumenta*ão s*milar à utiliza*a p*lo T*ibu*** c**arinens* a p*rtir de 2006.
No site do Su*er*or Tribuna* de Justiça, por sua vez, fo* encontra*o o acórdão
R*sp n. 503028/SP relatado pela Min*s*r* E**ana Calmon, cujo julgamen*o ocor*eu em
20 de a*ril de 2004, man*endo a *egati*a de *egit*midade ao Minist*rio Público para
pleitear vagas no ensino infantil. Embora o Recur*o *s*ecial, int*rposto pelo Mini*tério
P*b*ico *e São Paulo, t*nha sido negado f*ndamentando-se na p*em**s* de q*e o e*sino
i*fantil, ao contrário d* ensi*o fundamental, não é pr*orit*rio * que deve ser inc*uíd*
no *lanejamento orçamentário, respeit*n*o as demandas pass*ve*s de *ten*imento, já
ho*ve a man*festaç*o de que ao *ode* *ud*ciário é *egíti*o *nt*rferir na **sti**ção de
recursos púb**cos com ponderaç*o * observando a Lei de Resp*nsabili*a*e Fiscal.
Muda**a de ent*n*imen*o d* S*perio* T*ibunal de Justiça s*milar * encont**da
no Tribunal cat*rine*se foi obser*ada no Recurso *sp*ci*l REsp n. 485.969/*P, relatad*
pelo Ministro J*sé D*lgad*, *om ***gam*nto *m 2* de ago*to de 20*6. *es*e *ulgado foi
re*onhecida a legitimidade do Mi*istéri* Públ*co e a argumen*ação * un*ss*na com * d*
Tri**nal de *usti*a de *ant* Catar*na a partir d* 2006.
Outro fator rel*v*nte para essa mu**nça de enten*imento pode se* a*ribuído à
Emenda Cons*itucional n. 5*, de 19 de *ezembro de 2006, que garante o ac*sso à e*uca-
*ão in*antil às crianças d* zero a cinco anos, atri*uindo prioritar*amente aos m*n*cíp*os
a funç*o de *fertá-la, es*abelecendo, i*cl*sive, o percentual mínimo de recur*os *rove-
n**ntes de impostos * ser aplicado *o en*ino.
Sugere-s* que sej** futuramente comp*rados os presente* res*lt*do* **m os
de pesquisa semelhante a ser fe*ta em *utro* Tribuna*s *rasileiros, es*eci*lme*te os *o
*ul d* p***, Paraná e Ri* Grande d* Su*.
EJJL
Chapecó, v. 15, *. 2, *. *21-442, jul./d*z. 2014
43*
Ma*ilia Wesseler Jung, Arist*des Cimadon, Jéssica *omei*o Mot*
*eferênc*as
A*EXY, Robert. T*or*a dos Direitos f*ndamentai*. **adução Virgíli* Afonso da S*lva. 2.
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**ARAL, *ust*v*. Direi**, **cassez & escolha: em busca de critério* Jurídi*os pa*a *idar
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438
EJJL
Chapec*, v. 15, *. 2, p. 421-442, jul./dez. 2014
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439
Mar*lia Wessele* Jung, *ris*ide* Ci*a*on, Jé*sica *omeiro Mota
APÊND*CE A - *ISTA D* DEC**ÕE*
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2001
2*02
2004
2005
2006
2007
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Ag*avo de Ins*rumento n.
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A*elação n. 2*0*.028069-3
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Ag*avo de Ins*ru**nto n.
2004.03*132-1
Agra** de I**trume*to n.
2005.0003*3-*
Apelaçã* n. 2006.0*7445-3
Ree**me Necessário n. 2006.026108-*
R*exame Necessá*io n. *006.026320-8
R**x*me Necess*r*o n. 2006.026396-1
Reexame Neces*ário n. 2006.026406-6
*pelação n. 2006.041667-2
***a*o de Instrumento n.
*007.051**5-2
Agravo de Inst*umento n.
2*0*.004952-5
*gra** e* Ree*ame Ne*e*s*rio n.
2006.026396-1
Ree*ame Necessário n. 20*8.*0011*-3
*eexame Necessário n. 2008.00445*-3
Re*xame Necessário n. 2*0*.*14357-9
Re*xame Nec*ssário n. 200*.015*5*-8
R*exame Necessár*o n. 20*8.069051-1
A**laçã* n. 2008.03573*-9
Apelação n. 2008.03*360-8
Apelaç*o n. 2*0*.038365-4
Ape*ação n. 2*08.031926-*
A**lação n. 2008.*02955-4
*pel*çã* n. 2*0*.00681*-3
*pelação n. 2003.0280*6-3
Apelação n. 2003.028127-4
Apela*ão n. 2003.028129-0
Apelação *. 2003.029781-2
*pelação n. 2*03.028128-2
Ape*ação n. 2003.*27*85-7
*pel*ção n. 20*3.0298*2-6
Apelaç*o n. 2006.041002-7
A*elaçã* n. 2006.026082-4
Apelação n. 20**.026326-0
Apelação n. 2*06.*26361-7
Apela*ão *. 2006.026378-9
Apel**ão n. 200*.044857-*
Ape*ação *. *006.0010*7-*
Apelaç*o n. 2006.042*3*-7
A*elação n. 2007.05*882-1
Apelação n. 2007.054549-*
Ap*l*ção n. 2007.055706-7
Ap*lação n. 2007.064174-*
Apelação *. 200*.002*8*-6
A*elaçã* n. 2008.003286-7
*pelaçã* n. *008.*0345*-9
*pe**ção n. 200*.007*31-9
A*elação n. 2*08.0273*2-*
Apelação n. 2*08.030599-*
Apelaç*o n. 2003.0*9825-8
Ape**ção n. 2**3.029*26-6
Ap**ação n. 2004.0*6445-*
Apelação n. 2003.02980*-7
Apelação n. 2003.028*2*-8
Apelaç*o n. 2*06.048011-0
Apelação n. 2007.002137-3
Apela**o n. 2007.005088-6
Apelação n. 20*7.010092-3
Apelaç*o n. *008.03945*-*
Apelaç*o n. 20**.042*15-8
Apel*çã* n. 2008.*4*495-3
Apelação n. *008.045497-*
Apelação n. 2*08.054*57-1
A*elação n. 2008.*5*816-7
A**lação n. 2008.057*63-1
Apela*ão n. *008.*584*0-1
Apelação *. 2006.038**2-3
Ape**ção n. *006.042024-8
A*elação n. *0**.053979-1
Ape*açã* n. *008.002*41-3
4*0
EJ*L
*hape*ó, v. 15, n. 2, *. 4*1-*42, jul./dez. 2014
Restr*çã* ao direito à educação *nfantil...
20*9
2*1*
2011
*012
Reexame Necessário n. 20*8.0481*2-0
Reexame Ne*essári* n. 2008.*67781-2
Reexame *ecessário n. 20**.004750-0
R*exame Nec*ssário n. 2009.03*9*9-*
*gr*vo de Instrumento *.
20**.00122*-6
Ap*lação n. 2**9.*1*069-6
Apelação *. 2009.01707*-4
Apelação n. 2009.019913-9
*pelaçã* n. 2009.024253-3
Apelação n. 2009.028923-2
Apelação n. 2009.*30806-*
Apelação n. 20*9.037112-6
Ap**a*ão *. 2*09.0**559-5
A***vo de Inst*umento n.
2009.020640-3
A*ravo de I*s**umento n.
200*.*5*3*1-6
Agrav* d* *ns*rumento n.
2009.05*235-5
Agra*o *e *nstrumento n.
20*0.0144*5-6
Ag*avo de Instr*mento n.
2011.002855-2
Reexame Ne*essá*io n. 2011.*07565-4
Ree*ame Necessár*o n. 2011.007651-5
R*exa** Necessário n. 2011.0*9152-*
Re*xame Neces*ári* n. 2011.055408-8
**exame Necessário n. 2011.08*47*-2
*eexame Necess*ri* *. 20*1.004712-9
Agravo de *n*trumento n.
2011.08*535-9
Agravo *e *nstrum*nto n.
2011.092405-8
Apelação n. 2011.091068-8
Apel*ção n. 2007.010*97-8
Ap*laç*o n. 200*.002014-7
Apelação n. 200*.0*0023-*
*p*lação n. 200*.018*75-8
Apelação n. 2008.0320*5-0
Apelação n. 2008.034963-8
Apelação n. *008.039404-*
Ap*la*ã* n. *008.*42269-5
*pe*ação n. 200*.04*902-*
Apelação n. 2008.*45648-3
Apelação n. 2008.058529-6
Apela*ão n. 2008.058934-2
Apela*ão n. 2*09.0*7*90-0
Reex*me Nece**ário n.
2010.*03269-9
Reexa*e Necessá*io n.
2009.055277-1
*pelação n. 2009.*260*7-9
*pela*ão n. 2*09.03810*-9
*ee*ame Necessári* n.
2*11.*07*20-*
**ela*ão n. 2011.081*73-*
Ap*lação n. 2011.0*1*75-1
Apelação *. 201*.081874-8
Apelação n. 2*11.091455-2
Apelação n. 2011.080810-1
Apelação n. *009.03810*-2
Apelação n. 2011.082182-4
Apelação n. 2011.088475-*
Ape*açã* n. 2008.059607-9
**elaç*o n. *008.0596**-9
Apelaçã* n. 200*.06*3*7-8
Apelação n. 2008.074218-*
Apelaç*o n. *00*.00*353-9
Apel**ão n. 2009.001*86-4
Apela*ão n. 2009.00160*-4
Apelação n. 2009.006405-6
*p*laç*o n. 2009.006648-3
Ape*ação n. 2009.007750-3
Apelação *. 2009.007758-9
Apelação n. 2009.016788-8
Apela*ão n. 20*9.*44022-5
Apel*ç*o n. 2008.039449-9
Apelação n. 2008.044454-3
Apelação n. 2008.0*3204-5
Apelaç*o *. 2010.033*82-9
Apel*ç** n. 2008.001690-*
Ape*ação n. 2008.0361*9-0
Apelação n. *00*.049817-5
Apelação n. 2*1*.08**07-8
Apelação n. 2011.015963-7
Ape*ação n. 201*.043*82-3
A**lação n. 2*11.*92*8*-6
Apelação n. 2012.016547-5
A***ação n. *012.016571-2
*ata de submissão: 29 de mai* *e 2013
Avaliado e*: 14 d* abril de 2014 (Av*liad*r A)
Avaliado e*: 2* de maio de 2014 (Avaliado* B)
Aceito *m: 12 d* junho de *014
EJJL
C*apecó, v. 15, n. 2, p. 421-442, *ul./dez. 2014
44*