A CORTE EUR*PEIA DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS *UMANOS E O
D*REITO HUMANO À ALIMEN*A*Ã*: *REVISÕES INTERNA*I*NA*S E
JURISPRUDÊN*IA
AN EURO*EAN CO*RT OF HUMAN RIGHTS PROTECTION AND THE HUMA*
RIGHT T* FOOD: INTERNATIONAL FORECASTS A*D *URISPRUD*NC*
Dirce* *ereira Siquei***
Resumo: O pre*ente trabal*o tev* p*r escopo t*-
cer alguns co**ntár*os sobre o *ire*to hum*n* à
alime*tação, de modo que em t*l a*álise o foco
foi * **evisão in*ernacional des*e direito, *ntre os
inúm*ros instrumento* in*ernacionais, pa*a que
some*te *ssim sej* *ossíve* fi*ar parâmetr*s **
Abstrac*: This work had the *c*pe to make *ome
comment* on the human right *o fo*d so that, in
th*s an*ly*is, th* focus was *n t*e *nternati*nal
*rediction of t*is right, among the many interna-
*ional instrume*t*, s* t*at *his i* the **ly way re-
cogniti*n *aram*ters of tha* right ca* *e *et. Se-
reconhecimento a e*se dir*i*o. Vários i**t*ume*-
veral in*ernationa* *nstrume*ts were *ointed
to,
*os in*ernacion*is foram *ponta*os, sem, con**do,
withou*, however, havin*
the *n*ent to exhaust
haver * i*tento d* exauri-**s, mas a*enas e
tão
them, but onl* and so**ly aiming to demonstrate
*omente a*mejando-se demonstrar su* previ*ã*
em instru*entos de g*and* r*lev* internacion*l.
Para tanto, partiu-se *a análise *o di*e*to hum*no
à alimentação enq*anto direi*o c**sagrad* na es-
f*ra int*r*acio*al por uma série de *nst*umentos,
para so*ente então demon*t**r o *lcance ju*ídico
do ter*o, de*imitação ne*essária à c*mpleta com-
preensão do tema p*op*st*. Na sequência, tendo
como foco *este e*tud* o sistema europeu de pro-
it* forecast i*str*ments of g*eat international sig-
nifica*ce. To do so, ** was started by the analysis
of *h* *um*n right t* *ood *s a *i**t enshrin*d on
th* interna*ional spher* t*rough a *eries of ins-
truments, and *n*y *hen to demon*trate the legal
*i**i*i**nce of the ter*, necessary defini*g f*r
com*lete und*rstandin* of the t*eme. In sequen-
ce, with the focus of this s**dy, the European *ro-
tection system of huma* r*ghts, it w*s sought t*
t*ç*o dos direitos humanos, buscou-*e aponta* a
*oint out the importa*ce of re*i*nal protection
importân*ia d*s sistemas *eg*onais de pr*teção
syst*ms of hu*a* ri**ts, a*d *a**d on the*e pr*-
d** dir*ito* h*mano* e, com *ase nessas *r**is-
mise*, to ent*r more f**l* into the an*lysis of the
sas, adentrar *e maneira mais minuciosa para a
Eur*pean system, demonstrating *hen, in a sim-
análise do sistema eur*peu, de*onstrando-se,
ple way, i*s operati*n. Fi*ally, i* w*s pos*ible to
então, de maneir* *ing*la, o seu fun*ionamento.
ad*ress some specific cases, in order to de**ns-
Finalmente, foi *ossível abordar alg*ns cas*s con-
trate the str*ng performance of this system
*n
creto*, de m*do a demonstrar a forte *tuação *es-
se siste*a na proteç*o dos *irei*os hum*nos, em
especial quanto *o direito humano à a*im*ntação.
Palav*as-chave: Direitos hu*anos. Sistem*s re-
gionais de *roteção dos di*eitos humanos. Sist**a
europeu de p*oteção dos di*eitos humanos. Direi-
t* h*mano à *l*mentação.
protecting *uman righ*s, in particular re*ard*n*
*he human right t* food.
K*ywords: Hu*an righ*s. Regional protection
*ys*e*s of *uman righ*s. The European pr*te*tion
*ystem of hum*n r*ghts. *uman rig*t t* food.
*
Doutor e Me**re em Dir**to Constituci*n*l pelo Inst*tut* To**do de Ensino de Ba*r*; Especialista em Direito *ivil e
Proce*sual Civil pe*o Centro *niversitá*io *e Sã* José d* Rio Preto; Pro*essor *o Centro Universit*rio d* Ar*raq*ara e
do Cent*o Unive*sitá*i* de Bebedour*; A*vo*a*o; Rua *rof. Orlan*o França d* Carval*o, 325, Cent*o, 14701-070, Bebe-
douro, S*; dpsiqueir*@uol.com.b*
EJJL
Chapecó, v. 15, n. 1, p. 39-**, jan./jun. 2014
*9
Dirceu *ereira Siqueira
Introdução
O direi*o à aliment*ção, en**an*o direito, enco*tra pre***ão na o*dem jurí*ica
brasileira po* meio *e *número* d*sp*sit*vos (c*n*titucionais e infraconstituci*nais) e
também n* *ireito estrange*ro. Porém, ser* abo*dado n**t* escrito, su* previsão *o di-
reito inter*ac*onal (RAMÍREZ; GODINEZ; ALVA*EZ, 2*08, p. 15).1
*alutar a ref*exão quant* *o direi*o à alime*tação *a ordem jurídica internacio-
na* - pois "[...] f**a do horizon*e inte*n***o*a*, de fa*o, *enhum *os problema* que *i-
z** respeito a* futuro da humanidade pode ser r*so*vi*o." (FERRAJOLI, 2007, p. 51) -,
de modo a *nalisar a tr*tativa que esse direi*o *em *ece*endo nesse *on*ext*, i**lusive
pelas O*g*nizações Internaci*nais, por meio de trat*do* (B*OTONS, 1*87, p. *9; VAL-
LEJO, **91, *. 8*), convençõe*, d*clarações e tanto* out*** **strume*tos internacionais.
Há *ue se frisar que grande parte da tradiç** constituc**n*l Ibero *merican*
em *até*i* *e dire*t*s socia** é caracter*zada pela repetição d* tópicos já **ev*s*os n*
cenário internac*onal (ABRA*OVIC*; COURTIS, 200*, *. 3-4).
Infelizm*nte, "[...] existem *ouquíssim*s ex*mp*o* de *ecisões judici**s *o país
que leva* e* *onta a L*gisl*ção *nterna*iona* *m *ireitos Hu**nos", ta**ez pelo fato
de que "[...] o s*stema j*di*ial não es*á preparado par* emitir dec*sões com bas* e* vi*-
laç*es dos di*eito* humanos, espe**a**ente qu*ndo relacionados *os dir*ito* econômi-
co*, socia*s * cu**urai*." (VALENTE; FRANCESCHIN*; BUR*TY, 2007, p. 153).
De *o*a fo*ma, é n**essário mu*ar ess* *enár**, por meio *a *pl*c*ção cons-
ciente das n*rmas internacio**i*, espe*ia*men*e q*ando tenden*es * de*ender *ire***s
humano* consagrad*s, po*s somente assim será possível uma mudança no ce*ário *urí-
dico atual, ensejando pro*undos avanços quanto * essa realidade.
A Orga*ização d*s Nações Unidas (ON*) te* *emonst*a*o bast*nte pre*cu-
pação *om * d*r*ito à *limenta*ão, u*a *ez qu* em seu relatório *obre o desenvo*-
vime**o hum**o *ata** de 1994, *n*atizou *ue "[...] a paz internac*on*l in*eg*a-se,
n*ce*sariamente, num amplo contexto d* seg**a*ça: econômica, al*m*ntar, sani**ria,
ecológica, pe*soal, comuni*ária e política." (**MPARAT*, 20*7, *. 403, g*ifo nos*o).
N*s*e ínter*m, a análise almeja*a será i**ciada.
1 * *irei*o humano à a*i*entação * o direito i*ternacio*al
*o cenário *nternac*onal, * d*r*ito à ali*entação já *em me*ecendo destaque há
tempos, com *ma série de i*st*ume*tos *e ordem in*ernac*onal *ersando acerca do tema.
Por isso a af*r*ação de que, na *sfera internaci*nal, o d**eito * alimentação já
*cup*va esp**o entre as preocup*çõe* dos gov**nantes; afin*l, diferent* não poderia
se*, p*is como sust*nto* c** bastant* ênfase Castro (196*, p. 12), "[...] para ca*a mil
*ub*ica*ões tratando *os p**ble*as da guerra, pod*-se cont*r com *m trab*l** acerca
1
Importante haver harmonia entre o *istema in*erno e o s*stem* internac*o*al d* proteção *os dire*to* huma**s, po*s
somente po* meio *e d**logo e*t*e eles, ser* po*sível alcançar-se maior concretização para a* *e*isões de a*b*s.
40
E*JL
Chapecó, v. 15, n. 1, p. 3*-56, jan./jun. 201*
A cor*e *uro**i* de proteção aos **re*tos human**...
d* fo*e, *o entant*, os e*t*ago* prod*zidos po* esta ú*tima calamidade são m*iores do
que os *as guerr*s e das epidem*as juntas."
*or esses * tantos **tros fatores, o t*ma (a*imentação) *empre esteve pre*ente
nos deb*tes in**rnacionais, merecendo, por certo, tal preocupação. Algun* *nstr*men*os
e* nível internacional merece* maior *tenção, entre tantos existentes, de m*do q*e l*-
mit*r-se-* à anális* dos seguintes: De**araç** *nivers*l dos Direito* *o H*mem (1948);
Pac*o Internaci*nal dos Direito* Econômicos, Soc*ais e Cultu*ais (1*66) - nesse momen*o
interes*ant* ainda obser*ar a Recome*dação Geral 12 -; P*cto Inte*nac*onal dos Direitos
Ec*nômico*, So**ai* e Cultu*ai* (O direito à al*men*ação adequada - Art. 1*) - *enebra
(1999); Declara*ão *e Roma sobre a Segurança *limen*ar Mundi*l, d* 13 de novembro
*e 1*96; e Protocolo de San Salvador de *6 de no*emb*o *e 199*.
*e toda *o*ma, *utros instr**entos internacionai*, ta*bém de grande impor-
tâ*c*a, merecem destaque (re**r*n*e à proteç** aos di*eitos humanos), *en*o eles: Ca*ta
African* de Di*eitos Humanos e dos Povos (1981) e a Declaração sobre o Dir*it* ao
De*envol*i*ento (198*), os *uais, mesmo que de g*ande im**rtância para os d*r*itos
h*manos, também *eixaram de *ontem*lar dire*amente o direito à *lim*n*aç*o, daí o
fato d* n*o serem e*plorados em face dest* estudo.
Com essas premis*as, *ue s* in*cie a análi*e.
1.1 Decla*ação *niversal dos Direito* Hum*nos - adotada e procl*ma*a
pela Res*lu*ão n. 217 A (III) da Assembleia *eral d*s Nações Unidas,
em 10 de dezembro de *9482
No âmbito *o *ir*ito internacion*l, i*teressan*e a*alisar-se a pre*isão ** d*-
*eito à alimentação desde a D*claração Unive*sal dos Direitos Humanos de 194* (ES-
*ARAMEIA, *991, p. 174), que desencadeou à época * proteç*o ao* direit** hum*nos
(TRIN*A*E, 1997, p. *76), *ez q*e inseriu n* ordem j*r*di*a in*ernacional padr*es mí-
nimos para *ssa proteção e represento* v*lor*s human*men*e rec*nhecido* por meio
*e *m consenso global de sua validad* (BO*B*O, 20*4, p. 46). A Declaraç*o represento*
um *v*nç* par* um n**o p*tamar no t*rtu*so caminho percorr*do pela humanidade
em se* *rocesso e*olutivo (VALEN*E, 20**, *. 103).
Essa *ec*aração, mesmo não ap*esenta*do disposi*ões *str*ta*ente no*mati-
*as, envolvia valor*s morais tão grandes *ue veio * ser ap*ovada por resolução d* As-
sembleia Geral da ONU, e com *sso, pode-s* afirmar que reuni* força normat*va d* um
"q*ase *ratado", o qu* *eio a ser firma*o de maneira mais contun*ente em 196*, *or
m*io dos Pa*tos que a su*ed*ram (GUA*DIA, 199*, p. 117).
2
Interessante *studo acerca da *ifere*c**çã* ent*e "dec**rações" e os "trata*os" n* *rdem internacional é apresentado
po* Ernesto de La Guard*a, no qual o au*or demonst*a que as decla*a*ões guard*m car**terís*i*as dif*renciadoras dos
tratad*s, *e **** que p*ra as "declarações" s*rem con*id*radas como "tratado*", deve* i*stituir "direitos e obrig*çõ*s"
e somen*e a**im a*resentada força normat*va vi*c*lante; e avanço na anál*se dem*nstr*ndo que as de*l*ra**es po*erã*
apresentar-se de três maneiras difere*tes, s*ndo elas: a) uma *era de*laração de int**çã* e propósitos (l* Doctrina Mon-
ro*, la Carta del Atlántico, 1941); *) dest**ada a produzir efeitos juríd*c*s - re*resen*ando assim um verdadeir* "tratado"
(D*claração de Paris d* *956) e c) ato u*ilateral - produzindo efeitos jurídi*os (Declaração de Guerra) (GU*RDIA, 1997).
EJJL
Chapecó, v. *5, n. 1, p. 39-56, jan./jun. 2014
4*
Dirce* Pereira Siqu*i*a
*** ess* raz*o, repres*ntou um grande avanço, mas com o passar do tempo con*-
ta*ou-se que era necessári* av*nçar um pouco mais, pois os ava**os traz**** p*la Dec*a-
*açã* Universal ai**a eram peq*enos fr*nte às n*ce*sidades no con*exto internacional.
No a*o de 19*6 h*uve a elaboração *e dois tr*t*dos in*ernacionais di*tintos
que trouxeram maior proteção *os di*eito* human*s, e d* modo mais pr*ciso, o Pa*to
*nternacional dos Di*eitos Civis e Políticos (o *ual **o será abord*do n* pres*nt* e*t*-
do, p*r *ão ter ligaçã* direta com o d**eito à *lim**tação) e o Pac*o Interna*ional dos
Direi*os Econ*micos, *ociais e Culturais (o qual se*á **ordado ad*ante c*m maior p*o-
pri*d*de), tudo no âmbito das Nações U*id**.
*ortanto, a Declaraçã* foi elaborada e assi*a*a em um mo*ento em *ue a hu-
*a**da*e tomou c*nsciên*ia da necessi*ade d* **conhec*r a presença da dive*sidade,
a *ual apresentav*-se com* o **ico aspecto em co*um par* t*dos os seres hum*nos,
dev*ndo ser re*peitada. Por tudo i*so é que ela representou um a*anço, especialmente
no toca*te à alimentaçã*.
A Decla*ação Un*ver*al dos Direito* do Ho*e* apresen*a-se como uma reco-
mend*ç*o aos me*bros *as *ações Unidas (Car*a das Nações Unidas, *rtigo *0), de
modo *ue *ossibilita afirmar qu* não poss*i for*a *inculan*e, e, por *ssa *azão, houve
a adoção pos*e*io* de pactos *nter*acion*is para dar força normati*a a* instrument*
(C*MPAR*TO, 2007, *. 22*-227).
*e toda forma, o enten*imento de que a aus*ncia de previs*o quanto à recepç*o
de normas int*r*acionais de pro*eção aos dir*ito* humanos, no* text** constitucionais,
poderi* levar a uma *arênc** na ap*icação dos dis*ositivos inte*nacionais; porém, tal
celeuma enco*tra-se atualmen*e superada, vez que a proteção aos direitos hum**os e**á
intimamente ligada a* re**eito * dignidade humana (COMPARATO, 2007, p. 227-228).
1.2 Pacto Internacional do* Di*e*tos *conômicos, Soc*a*s e Cultur*is -
a*otado pela Resolução n. 2.200-A (XXXI) *a Assembleia Geral das
Nações *nidas, *m *6 *e dezembro *e 1*66
O Pacto Internac*onal dos Dir**tos Econ*m*cos, Sociai* e Cul**rais buscou ex-
press*r, *e maneira mais peculiar, a *rot*ção aos direitos humanos d* orde* econô-
m*ca, soci*l e cultural e, em sua aprovação pela Assembleia-Geral da ONU (Resolução
*200 - de 16 de dezembr* de 1966), *on*ou com * a**in*tur* de 105 Estados (não sendo
apontado *enhu* voto contr*rio - *eg*s*rando apenas 17 ausências).
O i*str*m*nt* trou** em *eu bojo a prot*ção a **itos di*eitos hu*an*s, entr*
eles: saúde, moradia, edu*a**o, proteção à famí*ia e *limentaçã*, e instituiu aos
Esta-
dos o*ri*aç*es em estabelecer polí*icas que p*ssibilite* desenvolvimentos nessas áre-
a*, tudo *sso de *ane*ra progressi**3 (de salu*ar i*portância a es*e estudo, a previ*ão
quanto à al*mentaç*o).
3
Pacto **ternacio*al dos Direitos Econ*mico*, So*i*is e C*lt*rais, Artigo 2º.
42
E*JL
Chap**ó, v. 15, *. 1, p. 39-56, **n./jun. 2014
A cort* eu*ope*a d* prot*ção *os d*reitos hu*ano*...
O Pacto Intern*cio*al dos Direito* Ec*nômicos, Sociai* e Cultura*s (como o Pac-
to *n*ernacional do* Direitos Civis e Po*ítico*) foi aprovado pe*o Decreto Legislati** n.
226, de *2 de d**embro de 19*1, rec*ben*o a pro*ulgação em *6 de *ulh* de 1992, por
meio do De*r*to n. *92.
A **evis*o q*ant* à atuação p*ogr*ssiva, **feren*emente do qu* ocorr* com o*
d**eitos civis e pol***cos, n*o atribui* *o presente *nstrumento uma apl*cabil*da*e *lena
e i*e**ata; aos Es*ados está *revista um* atuação no sentido de alcanç*r vaga*osamente
** objet*vo* traçados, mas, de out*o lad*, não i*porta reconh*ce* uma inércia dos Es*a-
dos quanto à sua a**ação.
O Artigo 114 tr*uxe prev*sto ta*ativamen*e em seu bojo o di*eito à alimenta**o,
atribuindo, d*ssa f*r**, dev*r*s **s Es*ado* **anto a esse direi*o, especialmente no
que s* *efere à proibiç*o de retroces*o e quanto *o seu pr*gressivo re*onhecimento.
Nessa estei*a, tem-se a Reco**ndação Geral n. 35 do Com*tê dos Direitos Eco-
nômic*s, So**ais e Cu*turais, que cuidou de *lucidar melhor a previs*o da progressiv*-
dad* consta*te no Artigo 2º d* P**to, dispondo *ue, em curto prazo, não s*ria possível
aos Estados alcançarem a previsão, m*s *ue haveria um mí*imo a ser obse**a*o (i*clu-
s**e no tocante à aliment*çã*, conforme exemplifica o pr*prio *exto da Reco*endaçã*
G*ral),6 de modo que incumbiria ao* Es*ados uma atua*ão *i*âmica, no s*ntido de que
e* *ongo p**z* pudessem efe*ivar tais direitos (previ*t*s no *acto).
P**tanto, aos Estados incumbe o dev*r de *tuar, m*smo q*e vaga**s*mente,
pois aos direitos sociais não se *o*e retroce*er (pro*b*ção de re*r*cesso) (CAN*TILHO,
2003, p. *79). O salár*o mínimo, c*m previsão na Constit*içã* ** *988 (Art. 7*, inc. IV),
4
5
Pact* Int*rn*cional dos Direitos E*onômi**s, Sociais e Culturais, Artigo *1.
Comentário Geral n. 3 (5ª s**são, 199*) - UN doc. E/**9*/2* do Comitê dos *ireitos *conôm*c*s, S*c*ais e Cul**rais.
Tradução: A*ri*na Carne*ro Monteiro: "A natureza das ob*iga*ões do* E*ta*os-partes." - Artigo *º, *arágrafo 1* do Pac-
to: 1. O Ar**go 2º é d* particu*** importância *a** um c**ple*o entendimento d* Pa*to e deve ser *isto como tend* uma
relação dinâmica com t**as as ou*r*s pr*vi*ões do Pacto. Descreve a natur*za das obrigações legais de um mo*o *eral
assu*idas pelos *stados-partes *o Pacto. Essa* *brigações incl*em tanto o que pod* se* desi*nado (seguindo o trabalho
da Co*i*são de Direito Internacional) quanto o*rigaç*es de conduta e *b**gações de resu*ta*o. Enqu**t* grande ên*ase
tem a*gumas veze* sido co**cad* n* diferença en*re a* fo*mulações usadas ne**a provisão e aquel* contida no equiv*len-
te Artigo *º do Pac*o d*s Direitos C*vis e *olíticos, não é se*pr* reconhecido que há também si*nifica*tes similaridades.
Em particular, enquanto o P*ct* pr*vê a realização progressiva e admite restr*ções em raz*o dos li**tes de recursos
disponíve*s, t*mbém impõe vár*a* obri*aç*es que são *e efeit* imediato. Des*a*, duas são d* *arti*ular impor*ância no
en*e*dimen*o da *atureza precisa *as obrigaç*es dos Estad*s-pa*tes [...] (DIREITOS HUMANOS NA INTERNET, 1995).
6 C*men*ário Geral n. 3 (5ª sessão , 1990) - UN doc. E/1991/23 do *omitê dos *i*eitos Ec*n*micos, So*iais e Cultur*is.
Traduçã*: *driana C*r*eiro *onteiro - "A nat*reza das obri*ações do* Estados- partes." - Artigo 2º, pa*ágrafo 1º
do
Pacto *0 [...] Co* ba*e na vasta experiênc*a obtid* pe*o C*mi*ê, bem como pelo organismo que * p*ec*deu, ao lo*go de
um período de mais *e um* déc*d* de exame dos r*la*órios do* Estado*- *artes, o C*m*tê é da opini*o de que um núcleo
míni** de obrigaçõ*s para assegur*r a sat*sfa*ão de níveis mínimos essen*i*is de c*da u* dos direitos é *ncu*bência de
cad* Estad*-*art*. A***m, por *xem*l*, um Es*ado-parte em que qu*lquer *úmero significativo de indivíduos é privad* de
gê*er*s alimentícios *ssenci*is, de cu*dad*s e*senciais de saúde, de *brigo * habitação básicos ou das mais básicas f*rmas
de educação está, à primeir* vist*, *alhando para desincumbir-se de *uas obrigações em relação ao Pacto. Se o Pacto fosse
i*terpretado no *entid* de n*o est**el*cer **l núcleo *ínimo de o*rigações, seria largamente privado de sua razão de ser.
Alé* disso, deve se* *bser*ado que em rela*ão a qualquer avaliação no sentid* de ver**icar se o Es*ado s* desin**mbiu *es-
se núcleo mínimo *e obrigações, *eve-se também levar em conta as ***trições de r**ursos disponíveis no país *o*sider*do.
O Arti*o 2* (1) obriga cada Estado-par*e a tomar as medidas necessárias "a*é o máximo *e seu* *ecursos dispon*veis". Para
que um Estado-parte atr*bua seu fra*asso em cumprir seu *úcleo mínimo de *br**ações à falta d* recursos disponívei*, ele
de*e dem*nstra* que todo esforço foi fei*o *ara usar todos os recu*sos que estão à disposição em u* em*enho para sa*isfa-
ze*, como matéria de prio*id**e, essas ob*ig*ções mínim*s [...] (DIRE*TOS HUMANOS NA INTERNET, 19*5).
*JJ*
Chape*ó, v. *5, n. 1, p. 39-56, ja*./jun. 2014
43
Dirceu **rei*a *iqueira
de*ons*ra claramen*e a impossibilidade d* ret*ocesso refer*nte ao* d*reitos sociais, vez
qu* mes*o carecendo de lei infraconst*tuci*na* para fix*-lo, não permi*e a livre nego-
c*aç*o en*re os parti*ul*r*s, com* forma de proteger a remunera*ão *o tr*balh* c*ntra
qu*lquer ato ec*nômico ou *esmo nor*a*ivo que vis* *o seu retroces*o (ROTHEN-
BURG, 2000, p. *57).
Desse mo*o, no**-se que o retrocesso não se*á admiti** no que se r*f*re *os
dire*t*s so*iais, especialm*nte em face dos Estados que participam *o Pa*to Internacio-
nal dos D***ito* Econ*micos, Sociais e *u*tu*ais, incumbindo a estes o dever de avan-
çar prog*e*sivamente, respeitando e pr*tegendo ess*s dir*ito*, impedindo que terceiros
*ossam *iolá-*os.7
1.3 Re*omend*ção Geral d* n. 12 ** Comi*ê de Dir*i*os *c*nômic*s,
Soc*ais e *ulturais
É de grande im**rtânc*a, *esse sentido, * Recomen*ação Geral d* n. 12 do Co-
mi*ê de Direitos Econômicos, S*ciais e *ult*rais, poi* cuido* de *ratar esp*cificamente
do *ireito à alimentação, *isco*rendo a*erca de sua indi*isibilidade com o princí*io
fund**enta* da d*gnidade da pesso* *umana, sua essencialidade para * efeti*i*ade
dos direitos humano*, * ainda, sua nec*ssária efetividade como forma de diminuiç*o da
pobrez* (*TERO, 2011, p. 43).8
*el** comentários do C*mitê, em especi*l *a R*co**nd*ção n. *2, é p*ssí*el
obse*var a **eocupaçã* d* co*unidade inter*ac*ona* com a fome em t*do o mundo; tal
preocupaçã* estava esta*pada n* Pacto Inter*a*ional d*s Direitos Econôm*c*s, Sociais
e Culturai* q*ando da *roteção d* direito à *lime**açã*. Ta* pre*c**ação era relevant*
já naquele moment*, de modo que a f*me semp*e esteve pr**ente nos discursos inter-
n*cion*is, as*oland* a com*nidade mundial, poi* o *enômeno (fome) **ompanhava *s
g*andes desast*es.
7
*
N*sse **ntido, * Recomendação Geral de n. 12 do Com*tê de Direito* Econô*i*o*, Sociais e Cultu*ais.
**me*tário Geral 12 (O direito à alimen*ação adequada - Ar*igo 11) COMISSÃO ** DIREI*OS ECONÔMIC*S, S*-
CIAIS E CULTUR*IS - Ge*ebra, 26/*4/14 de maio, 1999 [...] 8. * Co*itê considera *ue o c**teú*o essenc*al do dire*to à
a**men*ação adequada i*plica: A dispon**ilidade de *limentos em quantidade e qual*dade s*fi*ient*s para sati*faz*r às
necessi*ades alimen*ares dos indivídu*s, livre d* subst*nc**s adversas, e acei*áv** dent*o de uma determ**ada cultura;
A *cessibilidade desse* alime*tos de fo*ma que sejam *ustentáv*is e que nã* interfiram *om o e*er*ício *e outro* dir**tos
*u*an*s [...] 10. Livre *e su*stâncias adv*rsas estabelece requisitos de seguranç* alim*ntar e para uma série de medida*
de p***eção por ambo* os meios públicos e privados para evitar a contaminação dos *limentos po* meio *e adu*t*ra*ão
e/ou através *a higiene d* ambie**e ruim *u manu*eio i*adequado nas diferentes f*ses a* longo da **deia alimentar,
cuida*os ta*bém devem s*r t*mados para identific*r e evitar ou d*str*ir a t*xina naturalment* [...] 1*. Acessibilidade
abra*ge ta*to a acessib*lidade físic* * econômica: esta significa **e, pe*soal ou dom*sti*o, os cust*s financei*os relaciona-
d*s * aquisi*ão *e alimentos pa*a um* di*t* ad*quada deve* ser a um ní*el *al q*e a rea*iz*ç*o e a satisfação de outras
necessidad*s b**ica* n*o sejam ameaçada* ou compro*etidas. *cessibilidade econômica se aplica a qualqu*r padrão de
aquisiç*o ou o benefício po* meio do qua* a* pes*o*s obtêm os seus a**men*os * é um* medida de até *ue p*nto é sa**sfa-
tór** p*ra o gozo do direito à alimentação adequada [...] Obrigaçõ** e as violaç*es. 14. * nature*a das obrigaçõ*s legais d*s
E*tad**-partes é *efinida ** Artigo 2º do Pacto e tem sido t*atada no comentár*o do Comitê Geral n. 3 (1*90). A *r*ncipal
o*rigação é tomar medidas para a**n*ir pro*ress**amente a p*ena r*alização do dir***o à *liment*çã* adequ*da. Isto
impõe u*a obr**ação par* mover tão rapi*ame**e qu*n*o po*sível para alcançar esse objetiv*. Cad* Es*ad* é obrig**o
* *a*antir a todos o ac*sso sob a sua juri*d***o *a*a o alim*nto mín*mo essencial que se*a suficiente, *ut*icionalmente
adequada e segura, *ara garantir a sua li*erdade de fome.
4*
E*JL
*hapecó, v. 15, n. 1, *. 39-56, jan./jun. 2014
A *orte europe*a de pr*teção aos **reitos humano*...
F*ise-s* nov*mente que, c**f*rme previst* no Artigo 1*, par*g*af*s 1º e 2º do
**cto, o di*eito à al*me*tação deve se* efetiva*o pr*gre*sivamen*e, merecendo a aten-
ção dos *stados, bus*ando sempre a*as*ar suas *opulações da f*me, pro*ician*o-l*es
*ma ali*entação **equada (s*ficiente nu*ricionalmente) e possib*li*ade, meio* adequ*-
dos pa*a a a*uisição d*s al*mentos.
Há q*e se *essa*t*r ta*b** qu* as ob*i**çõe* dos Estad**-pa*tes no Pacto In-
terna*i*nal dos D**eitos *conôm**os, Sociais e Cultura*s, as quais d*verão ser c*mpri-
das, haja vi*ta q** tais Estados serão fiscalizados, te*do **clusive a obrig*ção de *nviar
re*atórios inf*rmando o estágio da progr**s*va implem*ntação, apont*ndo (se necessá-
*io) eve*tuais dificuldades *ncontr*d*s pa*a implementação, de modo *ue t*is re*ató-
rios *erão *nca*inha*os ao Secretário *eral das Naçõe* Unid*s, o qual poste*i*rme*te
informará *s a*ências especia*izada* (*o* *eio de cópias dos re*atórios) para anál*se.
De*sa fo*ma, a comunidade intern*cion*l, além de fiscalizar (es*ecialmente a ONU),
*o*erá cooper*r pa*a a efe*iva *mplemen*ação dos o*jetivos constant*s do Pacto.9
1.4 Declaraçã* de Ro*a Sobre a Seguran*a Alimentar Mundial, *e 13 de
novem*r* de 1996
*m 13 d* novembr* de 199*, a Cúpula da Al*mentaç*o em níve* mundial ado-
tou a D*clar*ção de *oma sobre Segura*ça Alimentar, n* *ntento de impleme*tar e mo-
nitorar o plano *e açã* da c*pula em todos os níveis de cooperação internacional.10
A Declaraç*o de Rom* sobre Se*u*ança Alimentar reconhe*eu *ue, para *ssegur*r
o ace*s* univer**l à alimentaç*o, de manei*a *oncreta, *orna-se necess*rio primeiramente
err**ic*r a *obreza (enfren**ndo de maneira *astant* con*undent* a fome que assola os
paíse*), poi* some*t* assi* s*ri* possível avanç*r na efetividade do direi** à a*imentaçã*.
Confo*me r*latório da ONU *obre d*reito à *lim*ntaç*o, datado de 1*89, *s-
tabelec*ra*-se três e*xos prin*ipais *ara *s obrigaçõe* dos *stad*s *uanto ao direito à
alimentação: *espeitar, proteger e r*ali*ar o direito à a*imentação.11
9
Pacto Inter*ac*onal sobre os Direito* Económicos, Sociai* e Culturais, Artig* 1*. 1. Os Estados-p*rt*s, no presente
*ac*o, compromete*-s* a a*res*n**r, e* confor*idad* com as disposições da present* pa*te do Pact*, re*atórios sobre
as me***a* *ue ti*e*em adop*ad* e sobr* os pr*gressos real**ad*s c** vi*ta a assegura* o res*ei*o dos d*reitos reconhe-
cido* no Pacto: a. *odos os relató*ios serão dirigid*s ao Secr*tár*o-Ge*al das Nações Unidas, que transmitirá c*pias deles
ao Conselho Económic* e Soc*a*, para apreci*ção, em c*nform*dade *om as dispo**ções do presente Pact*; b. O Secretário-
-*eral da O*ganização das Naçõ*s Unidas transmitirá igualm*nte às ag*n*i*s especial*zad*s cóp*as dos relat*rios, ou
da* p*rtes pertinentes *os relatório*, envia*os pelos Estado*-parte* no *r*se*te P**t* *ue são igualmen*e membros das
re*eridas *gências *s**cializadas, na medida em q*e esses relatórios, ou pa*tes de *el*tórios, tenham relação a questões
relevantes da competên*i* das menci*nad*s ag*ncias *o* te*mos dos *eus respectivos instru*ent*s con**itucionai*.
10 De*lar*ção *e Roma sobre a S*gurança Alimentar *u*dial e Plano de Acção da Cime*ra Mundial d* Aliment*ç** - SÉTIM*
COMP*OMISSO: Executarem*s, mon**oraremo* * *aremos pros*egu*mento a este *lano de Acção, a todo* os níveis, em
cooperação c*m a comunidade inte*n*cional.
11 Right to Adequa*e Food as a Human *ight, *uma* Rights *tudy Series n. 1, p*blicada pelas Nações Unid** (S*l*s
*. E.89.XIV.2), Naç*es Un***s, Nov* Iorque, 1*89. Um re*atóri* inic*al pe*o *r. Ei*e em *984 (E/CN.4/Sub.2/1984/22 e
Add.1 e 2) foi se**ido pelo relatório final **bmetido em 1987. Um relatório provisório atualizando este *s*udo *oi subme-
tido para a subcomiss*o em sua quin*uagé*ima se*sã* (*/CN.4/Sub.*/1998/9). Em *999, *r. Ei*e atualizo* se* estudo
com o do**mento E/CN.4/Sub.2/*999/12, que, como ele mostrou, deve s*r lido em c*njunto com o de 1998 atu*liza*o.
***L
Chapecó, v. 15, n. 1, p. 39-*6, jan./jun. *014
45
Di*ceu Perei*a S*queira
Q*anto *o respeito, o rel*tório buscou demonstra* que os *stados *ev*m r*s-
peit*r ver*adeir*mente o direito à *limentaçã*, b*scando efetivá-lo, p**a que nenhuma
pessoa dentro daquele t**rit*rio seja pr*va** de alimentaç*o neces**ria; o Estado deve
proceder *o* *otal abst*nção quan*o a atos que *o*sam impedir o acesso aos alimentos,
est*belecendo políticas fav*ráve*s a esse a***so.12
*as lições de Fabre (2000), o dire*to à al*mentação apresenta-se como um direi-
*o negativo (dever de ab*tenção) e* *reponderância, vez q*e o Estado n*o p*de criar
obstáculo para a obtenção dos *l**entos; ma* de outr* l**o, de*xa bastant* clar*
que
não nega a existência da c*racterí*ti** po*itiva (*ireito prestacional) desse d*reito, reco-
**ec*ndo que s* impõe ao Estad* o deve* de, *uitas vez*s, *tuar no se*t*d* de oferece*
os alimentos à populaç**. Por *sso, conclui-se tratar-se *e u* direito co* *u*la c**a*te-
rí*tic* (posit*v* e negativa) (FABRE, 2000, p. *3-54).
No que s* ref*r* à segunda *brig*ção, proteçã*, o relatór*o buscou est*be*ecer que
aos Estados incumb*sse o dev** de proteger os *i*eitos à alimentação, as*egurand* *ue os
indivíduo* e as empresas em hipótese alguma ob*tem as pes*oas do **esso a el*s.13
Enf*m, qua*t* * terceira obriga*ão, re*liz*ção, *oi estipula*a *o *entido de fixar
uma *briga**o *os Estados em satisfazer, efetivar o direito à alime*tação semp*e
qu*
um indivíduo ou *r*po f** in*a*az de o*ter uma alimentação adequ*da. E o Estado, não
sendo capaz de p*opici*r a alimen*a**o *de*u*d* à sua população (dentro d* *adr*es
mín*mos), deve*á fazer um a*elo hum*nitár*o em âmbito int*rnacional, sob pena
de
inf*ingir a t*rceir* obrigação a ele in*rente - qual se*a, a de p*d*r ajud* em n***l interna-
cion*l, considera*do o direit* à alimentação de sua *opulaçã*.14
12
Res*eito 14. Um Estado q*e respeita o direito à al*men*ação das pess*as qu* moram em s*u t*rr*tó*io deveria assegurar
que to*o indiv*duo tenha a*esso per*anente em to*os os moment*s à alimentação sufici*nte e adequada, e *ever*a abster-
-se *e tomar medid*s suje*tas a *mpedir alg**m a tal *cesso. Um ex*mplo de u*a p**tica qu* viola es*e direito * quando
um Gover** em guerra com uma par** de sua própria população impede * part* da popu*ação que *le vê co*o "h**til" ao
*cesso à alime*t*çã*. Um **tro exemplo da não obs*rv*ncia do d*reito à a*imentaçã* por um Gov*rno, descrito pelo Relator
Especial da sit*ação dos **reitos humanos no *ud*o, é a tragéd*a de Bar-e*-Ghaza, n* qual *ilhares de pess*as m**rera*
de f*me *m 199*. * milícia Muraheleen m**tida pelo Governo em Kh*rtoum per*egui* *ma es*ratégi* *e co*tra-ataque
caracterizada (** acordo com o rela*or E*pec*al) p*las seguintes violações dos direit*s humanos: s**ue de grãos, s*quest**
de *ul***es e crianç*s co*o danos de guerra, in*ê*dio de colheitas e ca**s, mo*te de **vis e r*ubo de r*b*nhos. O Relator
Especial vol** à co*clusão de um trabalho de uma ONG na r**iã* em *ue "[...] mas *ara e*s*s a**sos dos di*ei*os h*manos,
*ão *eria exis*i*o fome *o Sud*o em 1998." (E/CN.4/1**9/38/Add.1, p*ras. 49 e 50). O *aso citado * uma clara vio*ação da
*brigação de re*pe*tar * direito à alimentação (*IREITOS HUM**OS NA INTERNET, ***5).
13 Proteção 15. A se*unda obr*gação que os Es**dos devem *e* é *r*teger o *i*eito à a*i*entaç*o. Sob *sta obrigação,
ele* dev** asseg*rar que indiv*duos e empresas não privem as p*ssoas de acesso permane*te * alimentação adequa*a
e sufic**nte. O **presentante *ermanent* da A*géria p*ra o Escritór*o da* Naçõ** U*idas em G*neb*a e o P*esidente do
Gr*po de Trabalho do Direito ao d*sen*olvi*ento ma*têm que o direit* à aliment*ção é o *ue poderia *er designa**
co*o *m dir*ito "matri*", e*e é u*a "mat*iz" para o*t*os, com* o di*eito ao desenvolvimen*o. Na maio*ia dos casos,
o acess* à aliment*ç*o é uma questão de **r co*diç*es finance*ras, *ortan*o, renda. Essa segu*da obrigação impõe um
número de *everes para o Esta*o, como o dever de promover a produção, redistribui* impo*tos e pr*mover a segur*nç*
social além de comb*ter a c*rrupção (DIREITOS HUMA**S NA I*TERNET, 1995).
14 R*alização 17. A t*r*eira ob*igação do Estado é "*ati*fazer" o direito à a*imenta*ão. O Comentário Geral n. 12 sintetiz*
essa obrigaç** *ssim: "Semp*e qu* um indivídu* ou um grupo é incapaz, *o* *azões f*ra de s** control*, de gozar d*
dire**o à a*imentaçã* ad**uada pelos meios de su* disp*sição, os Estados têm a *brigaçã* de sati*faz*r (proporcionar)
[o dir**to * alimentação] diretamente" (HRI/GEN/1/Rev.4, p. 60, para. 15). Um apelo de um E*tado para um au*ílio
humanitário inte*nacional, q*ando ele própri* é in*ap*z de garanti* o direito à alimentação da população, surge sob*e
esta terceira obrigação. Estados **e, por meio de ne**igê**ia *u orgul*o nacional perdi*o, n*o faz** ne*hum apelo o*
proposi**dame*te, a*r*s*m em *az*-lo (com* no *a*o da Et*ópia sob a ditadura de Haile Mengu*stu no começ* dos ano*
1980), violan*o essa obr*gação. Para tomar outro exemp*o, u*a terrível fom* est*va d*v*st**do a Repú*li*a Democrá*ica
46
E*JL
Chape*ó, v. 15, n. 1, p. 39-56, *an./jun. 20*4
A corte *u*opeia de prot*ção aos direito* human**...
1.5 Protoco*o de San *alvador de 16 de novembro d* 1*9*
O Proto*olo de San *alvador (o qual se in**re *o âmbi*o d* S*stema Interame-
r*ca*o de pr**eção *os *ireito* humanos, uma *ez q** vem a consolidar a *onvenção
Ame*ican* de D**eitos Human*s) trouxe *m *eu *exto a pr*vi*ã* de prot*ção a um e*-
tenso r*l de *ireito* econômicos, sociais e culturais, c*mo: s*úde, meio am*ient*, ed*c*-
ção, pre*i*ên*ia so*ial, cu*tura, entre outros.
Quanto ao direito à alimentação, está prev*s*o em se* Artigo 1*, estabelece*do
que to*a pessoa tem direito à nutriçã* *dequad* de modo *ue lhe poss***l*te um bo*
desenvolvi*ento f*sico, emociona* e intelec*ual; fixa também obrig*ções aos E*t*dos-
-partes no tocante à im*lementaçã* dess* direito.15
O Protocolo de*xa cl*ro q*e o* Estados devem investir o máximo possível *a
concre**za*ão dos direitos e*onômi*os, sociais * cultu*a*s, de modo que possam *lcan*ar
progr*ssiv*men*e os avanços ne**ssá*io* nes*a sear* (incl*in*o, ne*se ce*ário, o direito
à alime**ação).
Esse Protocolo p*ssibi*itou *inda o dire**o de peti*ão1* à* *nstâ*cias inte*n*c**-
nais e* caso ** vio*açã* de suas previsõe* quanto ao *ireito * e*ucação * as l*berdade*
s*ndicais (res**ctivos Ar*i*os *º e 1*º), momento em que se poderia ha*e* a f*xa*ão de
t*l prerro*ati*a também em face d* descump*imento d*s previsões e*pres*as *uanto ao
direito * alimentação.
Mesm* *nte* do ano de 1948 (ano da Declara*ão **iver*al dos Direitos Hu-
manos), j* hav** previsões de prot*ção aos direitos *umanos por mei* de alguns i*s-
trum*ntos i**ernacion*is (no contexto d*s Am*ricas), mer*cen** des**que: Carta In-
teram*ricana *e Ga*antias S*ciais * a *arta da ****nização dos Es*ados Ame*ican*s.
*orém, me**o vers*ndo sobr* direitos humanos, tais instrumentos não c*ntempl*ram
* pr**e*ão ao direito à alim*n*ação diretamente, em seus dispositivos.
2 Do Sistema Europeu
O Sistema E*rope* c*n*a com a C**v*nção Eur*pe*a d* D*r*itos Human*s de
1950 e, originalmente, foi fixada a existência *a Comis*ã* e da Corte Europeia de Di*ei-
da Coréia n* iní**o *os anos 90: W*P e v*rias ONGs fiz**am um *r*nde esforço lá, es**c*a*ment* após 1995, mas ele g*a-
dual*ente se torno* cla*o e a maio*ia dos a*xílios int*rnacio*ais esta*am sendo desviados pelo exérc*to, pe*os serviços
s*c**tos e p*lo Governo. A ONG A*ão contra a Fo*e parou sua ajuda naquele *ome*to em decorrênci* da "d*fi*uldade
a* acesso às vítim*s da fome." (D*RE*TOS *UMANOS NA *NT*RN*T, 1995).
15 Protocolo de S*n Sa*vado*, Artigo *2 - *ireito à Alimentação: 1. Tod* pessoa t*m d*reit* à *utrição adequa*a, que lhe a*segure
a possi*ilid*de de gozar do mais al*o nível de dese*volvimento *ísico, e*ocional e intele*tual. 2. A *im de *ornar ef*ti*o ess*
direito e de e***inar a desnu*rição, *s Estad*s-partes co*prometem-se a aperfe*çoar *s mét**os de prod*ção, a*astecimen-
to e distribu*ção *e aliment*s, *ara o q*e se *o*pr*metem * promover maior c*o*eração internaci*nal co* vistas a apoiar
as polít*cas *acionais *efere*tes à ma*éria (UNIÃO *AS ESCOLA* DO GRUPO F*IMI DE EDUCAÇ*O, 2009).
16 Protocolo de San Sa*vador: Ar*ig* 19 - Meios de Pr*teção [...] - 6. Caso os *ireitos estabelecidos na alínea "a" do Artigo
8º, e *o Artigo 13 forem violados *or ação que pode ser atrib*ída diretamente a um Esta*o-parte neste P*o*ocolo, essa
s*t**ção poderia dar orige*, mediant* a participação d* C*mis**o Intera*eri*ana de Di*eitos Humanos e, qua*do for
cabíve*, da *ort* *nte*a*e*i***a de Direitos **manos, * a*licação do sis*ema de p*tiçõ*s individu*i* re**l*da pelos
A*tigos 44 a *1 * 6* a 69 d* Conv*nç*o Amer*cana so*re Di**ito* Humanos.
EJJL
Chap**ó, *. 15, *. *, p. 39-56, jan./ju*. 20*4
47
**rc** Pereira Siquei*a
tos Humanos, *o*si*erad* a g*and* conquista do Co*selh* da Eur*p* (S*LC*DO, 1991,
p. 357-*58), (por meio do Protocolo n. 11 - e* vig*r desde novemb*o de 1*98 - trouxe a
fusão da Comissão e da *orte e* uma nova *or*e totalmente reformul*da - *sso tudo
como forma d* melhorar o fu*cionamento da Corte). Do* sistem*s *egionais, o sistema
e*ropeu é o mais *o*soli*ado e amadurec*do, de mo** que e*er*e maior in*lu*ncia *o-
*re o* de*ais sistemas (In*e*am**icano e A**ica**) (PIOVESAN, 2006, *. 63).
Por fo*ça ** Conven*ão Eur*peia d* Direitos Humanos, incumbir-se-ia a Corte
Europeia de respeit*r q*atr* **incíp*os de realce: princí*i* *a int*r*r*tação t*leo*ógica da
*onvenção, o qual reflete a *u*c* de *ealizar se*s objetivos e propósi**s; pr*n*ípio *a in-
t*rpreta*ão efe*iva, que consiste na necess*d*de em se *onsi*erar as mud*nça* oco*rid*s
nos planos s*ci*l e p*lítico pa*a a adeq*ad* interpretaçã* dos direitos ne*a estabeleci-
**s; princípio a*inente à interpretação dinâmica e evolutiva da Con**nção Europeia, inerente
esp*cifi*am*nte à Conv*nção, represent*ndo um justo *quilíbrio en*re as demandas do
interesse g*ral da co*unid*de e as demandas de prot*ção de direito* *undament*is i*-
*ividuais; e **incípio da proporc*onalidade, q*e pre*supõ* exis*ir uma razoáv*l *e*açã*
de p*oporcionalid*de ent*e os meios e*pregados e o f*m a ser a*cançado, devend* ser
pr**bido qualquer excesso (PIO**SA*, 2006, p. 6*-72).
* Comis*ão Europeia de Direit*s Humanos, quando surgiu, *ra u* órgã* inde-
pe*dente, com atuação bastan*e p*c*l*ar, face inclusive à sua composição, s*ndo f*r*ada
por e*peci*listas independent*s. A Comi*são tinha à função de f*l*ra* *s comuni*ações (re-
clam*ções), analisando **bre sua pertinênc** o* não, e somente após passar pela Comissã*
é que as pet*ções seriam en*aminhadas para * Co*te, isso apó* a tentat*va de u*a soluçã*
a**sto*a e, sendo infrutíf*ra t*l tentativa, a pe**ção seguiria acompanhada *e um ***atóri*
d* Comissão para a Cor*e Euro*eia de *ireitos Humanos. Caso a Comissão concluísse
pela não submissão à Corte, **deria a comunicaç*o *er decidid* pelo Comitê for*ad*
por *in*stros do Con*elho da Eu*opa, compo*to pelos re*rese*tantes dos Esta*os-partes.
Com o surgimento do Protocolo n. 11, *m 0* de n*vembro de 1998, hou*e um*
*uda*ça consideráv*l nas *egras do Sistem* Europ*u de proteção dos direit** huma-
*os; o ju*zo de admi*sibi*idade q*e até então era realizad* *ela Co*issão, passou a ser
de *ompetê*cia d* própri* Corte (a qual passou a funcionar em *ovos moldes).
A partir de *ntã* surg*u a Corte Eu*opeia *e Direitos Humanos, pe*manente, que
pass** a av***ar admissibilidade e mérito para tod*s os casos a ela *ubmetidos, *empr*
tendo em vista a bus*a de uma s*lução mais *m*sto*a, que *ontemplasse a paz *s p*rtes
(E*tados e Peticionário*), com res*eito à* re*ras pr*viamente fixad*s *ela Co*venção.
D* outro *ado, também se f*stejou m**to q*anto ao Protocolo n. 11 (*alvez como
sendo * maior ava**o alc*nçado p**o in*tru*ento), a prev**ão do di*eito de p**ição a*s
indi**duos. Grup*s de indivídu*s e ONGs pa*sara* * ter acesso d*r*t* à Cor*e se*pre
que houvesse vi*lação dos direito* humanos, o que at* então não era previsto, de modo
que antes da vi*ê*cia do Protocolo n. 11, so*e*te os Estados-partes e a Comissão pode-
*iam s*b**ter *a*o* à C*rt* Eu*opeia (havendo nitida*e*te *ma mi*igação no acesso à
justiça internacio*al).
*8
EJJL
Chapecó, v. 15, n. 1, p. 39-56, jan./jun. 2*14
A cort* *uropeia de pr**eção aos di*e*tos hum*nos...
Outro a*pec*o important* da Corte *urop**a de Direit*s Huma*os consi*te na
*at*reza *e sua* competênc*as, que po** ser co*sultiva ou c*ntenc*o*a.
Assim, no exercício *e s*a compe*ência *onsultiva (Ar*i*o 47 da Convenção),** a
C*r*e passo* a e*i*ir parec*res, opiniões acerca d* questões juríd**a* a el* *o*mul*das,
de*de que p** solicitação do Comitê d* Ministros, se*pr* no sentido de interpretar * Con-
vençã* e s*us Protocol*s; r*ssa*te-se, po*ém, que *ais opiniões tiveram *lgu*as r*striçõ*s
com *ase na próp*ia Co**enção, *omo: não *oderã* se re*e*ir a qualq*er *uestão *igada
a* conteúdo ou alcance dos direitos e l*b*rd**e* enunc*adas na *onvenção *u seus Proto-
colos ou ainda sobre questõ*s que possam *n*l*enc*ar na atua*ão da Cor** ou do Comitê
de Ministros. As res*rições im*os*as não for*m bem recebidas pe*a d*u*ri*a, a qual se
in*ur**u *ontra elas por e*tender tr*tar-se de l*mitação da competê*c*a consul**va.
J* quanto * compe*ên*i* *onte*ciosa (Artigo 46 da Conven**o),18 *s competên-
cias são v*n*ul*ntes e têm *atureza de*l*ratória; todos os Estados-*artes, a* tornarem-
-se signatários da conven*ão, ass*miram a responsabilida*e *e ac*tar e respeitar *uas
decisões e, por*anto, estã* vincul**os a elas.
Com* se nã* ba*tasse, o respeit* às decisões da Cort* d*ve ser *fetivo por parte
dos Est*dos-partes; s* ocorrer o não cum*r*m*nto da de**são da Corte, *oderá até acon-
tecer a *xpulsão do Es*ado-*arte do *onselho *a Europa, t*do c*m ar*i*o nos Ar*ig*s
3º e 8º do *statuto do Co*sel*o.
2.1 O Sistem* Eu*opeu de p*o*eç*o dos direi*os humanos * s*a
jurisprudência acerca *o dire*to h*mano * alimentação
Como form* *e *elhor compreender o *u*ci*na*ento das Cortes Inte*nac*onais,
será feita uma anál*s* acerca de algum*s *e suas *ecisões que envolvam o reconhecimen*o
do dir*ito * alimentação, seja por u** a**ic*ção direta (reconhecen**-o expr*ssam*nte)
ou p*r uma *plic*ção i*direta (re*onhecendo-o co*o desdobramento de outros *i*eitos -
a exemplo de v*da, saúde, moradia, ent*e outro*). Assim, *erá p*ss*vel visl*mb*a* o com-
*. A *e*ido do Comité de Ministros, o Tr*bunal **de emiti* pareceres sobre q**s*ões juríd**a* re*ativas à interpretaçã*
da *onv*nção e dos seu* p**t*colos. 2. Tais **recere* n*o podem incidir sobre *uestões relativas ao *on*eú*o ou à ex-
t*ns*o do* direi*o* e liberd*des d*finidos no título * da Conve*çã* e nos protoco*os, *em sobr* outras qu*stões q*e, em
vir*ude *o recurso previsto pela *onvenção, *ossam ser su*metidas ao Tribu*al ou ao *o**té de Mi*istros. 3. A dec***o
d* Co*ité de Ministr*s de *ol*citar um parecer ao Tr*bunal será tomada po* voto majoritá*io *os seus mem*ros titulare*.
18 Artigo 46 - F*rç* vinculativa e *xe*ução da* *e*tenças.
1. As Altas Part*s Contra*ant*s **rigam-se a respeitar as senten*as d*fi*itivas do T*ibunal nos litígio* em que forem
partes. *. A sentença definitiva *o Tribunal será transm*ti*a ao *omité de Ministros, o qual ve*ará pela sua execução. 3.
Sempr* que o Comité de Mi**stros consider** *ue a supervisão da execução de uma sen*ença definitiva está a ser entra-
vada p*r uma dificuldad* de interpre*aç*o de*sa sentença, p*derá dar conhecimen*o ao Tribunal, a **m de qu* o **smo
se pronun**e *ob** essa questão de in*erpretação. A deci*ã* de s*bme*e* a que*tão à apreciação do t*i*unal *er* tom*da
por mai*ria de dois t*rços dos se*s membros titulare*. 4. Se*pre que o Co*ité de M*nistros cons*dera* q*e uma Alta
Parte *ontr*tante se recusa a respeitar *m* sentença definit*va em um litígio em *ue esta *eja part*, ***er*, após n**ifi-
c*ção des*a Parte e por *ecisão tomada p*r m*i*ria de *ois t*r*os dos s*us memb*o* titula*es, subme*er * apre*ia*ão do
Tri*unal a q*estão sobre * cumpriment*, *o* essa *arte, da sua obr*ga*ã* em co*formi**de com o n. 1. 5. *e o Tribu*al
*onstatar que *o*ve *i*lação d* n. 1, de*ol*erá o assu*to ao Comité d* *i***tros p*ra fins d* a***ciação das med*das a
tomar. Se o T*ibunal consta*ar qu* não ho*ve viol*ção do n. 1, d*v*l*erá * a*sunt* *o Comité *e Mi*istros, o qual d**i-
dirá pel* conclusão da sua apreciação.
EJJL
C*apecó, v. 15, n. 1, p. 39-56, jan./jun. 2014
4*
D*rceu Pereira Siqueira
p*om**imento dessa* C*rtes com os direitos humanos, e mais precisamente com o direi*o
à alimenta*ã*, tudo sob o pr**ma de um *onte*t* *urídico internac*onal.
Ai*da falta no c*n*rio *urídico *nt*rnacional, "[...] uma tr*diç*o **t*rpr****iva
no sentido *e *dentificar o dir*ito à alimentaçã* co*o um di*e*to autônomo", e por *sso,
defronta*-se-* *lgumas situações *m que ocorreu * reconhecime*to do direito à a*imen-
tação, mas co*o forma subsi*iári* a* recon*ecimento d* outro direito hum*no (saúde,
educa**o, t*abal*o, etc.) (COURTIS, 201*).
As Cortes Internacion**s, de mane*ra reit*rada, tê* decidido no sentido de que
* interferê*ci* violenta no dire*to à h*bitação e nos recursos nec*s*ár*** para a p*oduç*o
dos alimentos tam*ém *em sido cons*d*rada violação aos direito* civis (COU*TI*, *01*).
A *orte Europeia d* P*ot*ç*o aos Direitos Humanos analisou o re*urso de
Pro*opovich ** caso Prokop*vic* v. Rúss*a, no qu*l a recorrente almejava a m*nutenç*o
d* sua habitação fren*e à atuação do Est*do que buscava sua expuls*o forçada. A re-
corrente alego* v*olação ao Artigo 8. d* C*nv*nção E*ropeia de Proteção aos Di*eitos
Humanos,19 se*u*do o q*a* toda a pessoa t*m direit* a respe*to a su* c*sa, não podendo
*av*r *nger*ncia da autorid*de p*blica no exe*cício d*s*e direi*o, s*nã* por previs*o
*egal e*p*e*sa, tu*o com *rrimo *m uma *ociedade democ*átic*.
Imp*rtante f*isa* que, pa*a o ca*o em **mento, a Cor*e *uropeia recordou que
o c*nceito de cas*, *m conform*dade com o A*ti*o 8º da Convenç*o, * um co*cei*o au-
tônomo que *ão dependi* d* class*fic**ão n* legislação nacional, de mo** que estar*a,
*ss*m, consagran*o muito mais *o q*e **a mera *onst*ução edificad*.20
No entender do Tribunal, a *ecorren*e, sem dúvida, sofreu danos não patr*mo-
n*ais significativ*s os qu**s nã* *oderiam ser compensados apen*s pel* constatação de
uma vio*a*ão. Menos de *ma se*an* após a mo*t* repentina *o s*u par*eiro, *l* *oi ex-
p**sa de maneira forçad* do a*artamento onde *iveu por dez anos e tra*cada fora dele.
Ela s* viu em uma s*tuaç*o de *abit*ção prec*ria, ag*ava*a po* sentimentos *e fru**raçã*
e de *njustiça. *ess* *orma, considerou que a a*tora passo* a so*rer co* est*e*se * ansie-
dade, a*ém de outra* conse*uênci*s advindas desse ato. C*nsi*erando todos esses fator*s
r*leva*te*, o Tribu*al ava*iou *e f**ma equitativa, a necessida*e de in*e*i*ação no im-
19
*uropean Court of Hu*an Rights, *uropean Co*rt of H**an Rig*ts, Pr*kopovic* v. R*ssia, Nov*mber 1*, 20**, *ar. 31, p.
7: *I. Alle*ed violatio* of Article 8 of the Con*entio* - The applica*t complaine* that her eviction from her lat* par*ner\s flat had
bee* unlawful. S*e invoked A*ticle 8 of the *onvention whi*h rea*s as foll*ws: 1. Everyone has the r*ght *o respec* for his ... home...
2. There shall be no interf*rence by a public auth**it* wi*h the *xercise of this right except suc* as is in *c*ordance wi*h the law and
is necessary i* a *emocratic society in the intere*ts o* nat*onal se*urity, publ*c safet* or th* *conomic well-bein* of the c*untry, for
*he preven*i*n o* *isorde* *r c*ime, f*r the pro*ection of health or mor*l*, or for t*e protection of the *ights and freedoms of others.
20
*ur*pean Court of Human Rights, Eur*pean Court of H*man Rights, P*ok*povic* v. Russia, November 18, 2004, pa*. 36, p.
7-*: The *our* recalls the *onvention organs\ case-law that th* conce*t of "ho*e" withi* t*e mea*ing of Article 8 i* not **mit*d to
t*ose which ar* la*ful*y occupied or whic* have been law*ul*y establish*d. "Ho*e" is *n autonomous concept wh*ch doe* not dep*n*
on *lassification under dome*tic l*w. *het*er *r not a p*rtic*lar habitatio* constitutes a "home", which a**racts **e p*otect*on of
Article 8 § 1 will depend on the factu*l circ*ms*ances, nam*ly, the existe*ce of suf*icient a*d *on*in*ous links with a *pecifi* *lace
(see th* foll**ing authorities: *u*kley v. **e United Kingd*m, judgment *f 25 *eptembe* 1996, Reports of Judgments and D*cisions
1996-IV, §§ 52-*4, and *ommi**io*\s rep**t o* 11 January 1995, § *3; Gillow v. the U*ited K*ng*om, judgme** of *4 Nove*b*r
1*86, S*ries A no. 109, § 46; Wiggins v. the United Kingdo*, no. 7456/76, *ommis*ion *ecisi*n o* 8 February 19*8, Decisi*ns and
Reports (DR) 13, p. *0).
50
EJJL
*hapecó, v. 1*, n. 1, p. *9-56, jan./ju*. 20*4
A corte europeia de pr*teção aos direitos hu*an*s...
porte de *.000 euros a favor da auto*a por *anos n*o pat**moniais, im*ortância essa livre
*e quai*quer impostos que po*em **r cobrados *obre esse mon*ante.21
Pois be*, *ota-se qu*, para o caso *m questão, a decisão reconheceu a viol*ção
ao A*tigo 8º da Convençã* Eur*peia, e es*e dispositivo tam*ém inc*ui o direi*o à ali-
ment*ç*o, de mod* q*e, mes** não havendo menção e*p*essa a esse di*eito, de toda
for*a, ao *r*stig*ar-se direito * vida, à digni*ade, à *oradia, certa*ente *e está f*ente à
proteção ao direito à alimen*a*ã*.
A Corte E*rope*a *e **ote*ão a** Dire*tos Human** analisou o caso *akdi*ar e
outros v. T*rquia (com decisão prol*tada em 16 de novembr* de 1996): os r*corr*ntes tiveram
suas casas d*st*uída* n* *ldeia d* Ke**kc*, em uma das províncias *a T*rquia, ocasi*o
em que face à destruiç*o, **ês pessoas f*ram *o*tas e outras três *icar*m ferid*s.
Consid*rando a onda *e ataques terro*i*t** na é*o*a, a se*urança foi *efo*çada,
* mais t*rde, seg*n*o aleg*d* pe*os re*orrentes (em 10 de novem*ro de 1992), forç*s de
segur*nça la*çara* um ataque c*ntra a al*ei* ** Kelekci, o q*e oca*ion*u * incêndio d*
n**e casas, inclui*do a *eles; por isso oco*reu a evacuação imediata do local.2*
O Governo ***ou * autoria do* incên*ios e atribuiu a **sponsabi*idade ao *ru-
*o Terror*sta d*no*i*ado PK* (*ato este *ue, pos*e*iorment*, apó* a análise da p*ov*s
pela Corte, d*i*o* transparecer que o Estado não t*ve i*ter*s*e em apurar a ocorr*ncia,
de modo *ue a Cort* veio a decidir *e*a *ua c*lpa *o *n*êndio que ocasionou o d*scola-
**n*o *orçad* **s morad*res).
Porém, o fato * *ue os incên**os **o*reram e deixaram *s morado**s em condi-
ç**s de vida bast*nte comp*icadas, inclusive houve com*r*metimento *e seus direi*os
bás*cos, ali*e*tação, *igien*, morad*a, vestuário, ent*e outro*.23 Ao fin*l, * E*tado da
21
**r*pea* C*u** of H**an Rights, Europea* *our* of Hum*n Rights, Pro*op*vic* v. R**sia, November 18, 20*4, par. 49, p. 12:
T*e Cour* notes that the applicant did not *ave ti**e to he* lat* partner\s fl*t a*d there is therefore no caus* to reimburse her for it*
valu*. It f*rthe* not*s that the *pplicant\s *omplaint abou* th* loss of her personal effects *as dec*ar*d inadmissible on Ja*uary 8th,
2004. In the Court\* vie*, the appl*cant undoubt**ly sustained signific**t non-pec*niary *amage wh*ch *annot be c**pensated sole-
ly *y the **nding of a violation. *ess than a week afte* the sudden d***h of her partner she *a* evicted by *orce from the fl*t wher* they
had live* for ten years and l*ck*d ou* of it. She foun* hersel* *n a precarious housing situation exacerb*ted by fee*in** of frustration
and i*justice. Th* appli*ant m*st have exp*rienc*d con*iderable stress and anxiety i* con*e*uence of *hat and in settling elsewhe*e.
Taking all th* relevant fac*ors in*o accou*t a** *aking an assessment on an equitable basis, *he Cou*t aw*rds th* sum of *UR 6,000
in re*pect of non-pecuniary damage, plus any ta* that may *e cha*geable on *h** amount.
22
European C*urt of Human *ights, Europ*an **ur* of Hu**n R*ghts, A*kdivar e outr*s v. Turqu*a, Setembr* 16, 1996, *. 06:
Les requerants (pa*agraphe * c*-dessus), cito*ens *u*cs, habitaient le villag* *e Ke*ekçi, dans le d*st*i*t de Dicle de la province de *i-
yarb*kir. Ce village et **s environs *nt ete le t*eatr* d\une in*ense activite te*roriste du PKK. Nul ne conteste que ce pa**i a lan*e de
serieuses *ttaques sur Kel**ç* le 17 ou le 18 juillet 1992 et sur le vil*age v*isin de Bogazko* le *er *ov*mbre 1992. Lo*s de la pr*mi**e
offensive, trois ha**ta*t* de Ke*ekci ont ete tues et trois aut*e* bles*es. La s*conde atta*ue visa*t l* gendarme*ie de Bogazkoy, qui fut
de*rui*e; un gendarme fut tue et huit aut*e* blesses. A la suite d* ces e*ene*e*ts, l*s forces de securite fur*nt *enfo*cees d*ns cet*e
re*io* et des **c*erc*es approfondies f*ren* menees pou* retro*ver le* terroristes. Les requerants allegu*nt qu* le 1* *ovembr* 1992,
les force* de securi*e de l\*tat lancerent un* att*que contre le vi**age de Kelek*i, incend*erent neuf maisons, dont les leurs, et **ligerent
tous les *abitants *u village à l\evacuer s*r-l*-champ.
23
E*ropean *ourt ** Human Right*, Europ*an Court of Hum*n R*g**s, Aakd*var * outros v. T*r**ia, Setembro **, *996, p. 49:
"L\*xamen de c* reseau extrajudiciaire d\aide et autres subven*ions fait ressortir que les typ** d\ai*e f*urnis concre*ement sont à la
fois multiples et inspires *\une approche pragmatique: i*s couvrent aussi *ien des aides financieres que la mise a d*spositi*n de lo*e-
ments, de *a**r*el pour l* co*stru*tion d* logem*n*s, al*mentat*on, vetements, combusti*les, subven*i*ns de loyers. Donc to*s le*
besoins ur*ents des p*rsonne* ayant so*ffert à un t*tre quel*on*ue *e *a l*tte contr* le terror*sme o*t *te pris *n co*side*ation."
EJJ*
*hapecó, v. *5, n. 1, p. 39-56, *an./jun. 2014
51
Dirceu Pereira Siq*eira
Turqui* foi c*ndenado *ela prática do ato, com a *io**ção do A*tigo *º24 da C*nvenção
Europ*ia de Dire*tos Human*s.
O Estado fo* condenado ao p*ga*ento, ao requ*rente, d* indeniz**ões *ertinen-
*es a* ocorrido, como f*rm* de r*ssa***-l* *elos pre*uí*os causados. Importante *al*entar
que a *orte reconheceu indire*amente o d*reito à alim*ntação na análise do caso,
pois
p*s*u*a **tra poderia se esperar, af*nal, a m*radia dos r*correntes sof*eu agr*ssão p*r
um* ativ*dade Estatal (con*orme reconheceu a Corte em sua decisão), o que levou ao seu
despejo de *a*e*ra forçad*, fato que insurge *iretam*n*e em *eu direito à *limentação.
Conc*usão
Nota-se que, no c*ná**o *urí*ico *ntern*cional, o direito huma*o à al*mentação
tem se apres*ntad* com *astante import*nci*, de *odo que os sujeitos de direito inter-
*a*ional vêm paulati*am*nte *eco*hecendo-o e c*nsagra*do-o em d*versos ex*edi**-
te* interna*ionai* - c*mo *oi possív** obs**var por ocasião des** estudo.
Nessa sen*a, * atuação dos tribunais i*ternaci*n*is tem sido de **ande im-
*o*tânc*a, p*i*, por me*o *eles, torna-se possí*el imp*r o cump**mento destes dire*tos
d*ntro dos Est*dos - mesmo cons*de*an*o a soberania d* cada Esta*o, afinal todos, a*
tor*arem-** pa***s do* tra*ad*s que p*estigi*m *ss* d*reito, assume* um compromisso
no sentido de c*mprir s*as pr*visões - e ness* pass* es*ão *s trib*n*is i**ernac*onai*,
com * fun*ão de a*alisar os ca*os que lhes são subme*i*os.
A jurisdição **ternaciona*, ora visitada s*b * prisma regional, tem s* apresenta-
do *omo gra*de motivadora do reconhecimen*o dess* tão *mpor*ante jurisdição, af*nal,
pela jurisdição g*obal, muitas veze*, não é possív*l *ten*er (efeti*ame*te) aos inte*esses
region*is, *e modo que sua eficácia torna-se ba*ta*te mit**ada; por isso que o *urgimen-
to do* sis*emas region*is (e sob **se viés, o sistema e*ropeu apresenta-s* com* gr*nd*
**ecursor - um exemplo que deu certo) po*e ser *onsi*erado co*o *ator de extrem*
rel*vân*ia e e*e*ivi*a**.
*ssim, como f*i possív*l o*servar, a Corte Eu*o**ia de prote*ão dos Di*ei*os
Humanos tem cumprido s*u papel, impondo aos E*tado* o cum**imento d*s ob*igações
ass*mi*as por eles, de mo*o a trazer g***des benefícios * população *aqueles **tad*s.
Grandes avanço* *á oco*rer*m *a orde* ***ernacional no que se refere à pro-
teç*o do dir*ito h*m*no à alime*tação, porém, muit* ainda h* que ser alcançado, e,
para tanto, deve o Siste*a **r*peu de proteç*o dos Dir*itos **manos a*uar se*pre de
maneira ef**az, impo*d* o *umpriment* das obrigações *ssumida* pelos Es*ados, e com
24
C*nven*ão *uropeia de Direit* *uman*s - A*tigo 8º. Dir*ito ao respei*o pela *ida privada * familiar - 1. Qualquer pessoa
tem direito ao respeit* *a s*a vida privada e famili*r, do seu *omicílio e *a *ua corres*ondência. 2. Não p*de
*a*er
i*gerên*ia da autoridade *úb*ica *o exercício de*se direito senão quan** essa inge*ência est*ver previ**a na lei e con*-
tituir uma *rovid*ncia que, em um* sociedade dem*crática, seja necessária para * segura**a nacional, *ara a segu*an*a
pública, para o bem-estar econômi*o do país, * *efe*a da o*dem e a prevenção *as *nfraçõ*s pen*is, a protecç*o da saúde
o* da moral, ou a protecção do* direitos * das liberdade* *e terceiros.
5*
EJ*L
Chapecó, v. 15, n. 1, p. 39-56, jan./jun. 2014
A cort* europeia de proteção aos *ireitos *uman*s...
isso, cultivando-se um* cultura a *avo* da efetivaç*o do dire*to hu*a*o à alimenta*ão
como fator de *espeito à digni*a** *uman*.
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Avalia*o em: 12 de abril de 2013 (Avaliador B)
Avaliado em: 1* de junho de 20*3 (Aval*ado* C)
Acei*o em: 29 de abril de 2014
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