INTOXICAÇÃO ESPONTÂNEA POR VICIA VILLOSA “ERVILHACA” EM BOVINOS QUE PASTOREAVAM EM ÁREA CONSORCIADA DE AZEVÉM E VICIA SP.

Autores

  • Scherlon Luiz Soares Severo Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Aline Rossetto Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Ricardo Antonio Sossanovicz Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • William Naibo Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Valdomiro Genari Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia Copérdia - Filial Seara -SC
  • Ricardo Xavier da Rocha Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Natalha Biondo Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê

Resumo

Vicia spp., conhecida popularmente como “ervilhaca”, são plantas leguminosas de alto valor nutricional, utilizadas na dieta de bovinos. São duas espécies, Vicia sativa e Vicia villosa, sendo esta última, responsável por intoxicações. Descreve-se um caso de doença granulomatosa sistêmica em bovinos que pastoreavam em área de V. villosa. No total, eram 27 animais na propriedade, visto que destes, cinco adoeceram e morreram. A dieta dos animais incluía silagem de milho e concentrado. Os piquetes eram constituídos por Brachiaria sp. e azevém, consorciado com as duas espécies de Vicia, entretanto, predominando V. villosa. Os animais permaneceram no piquete de azevém e ervilhaca por 20 dias e, posteriormente, foram introduzidos em piquete de Brachiaria sp. Passados 15 dias da troca de piquetes, cinco animais diminuíram a produção de leite e apresentaram anorexia e hipertermia, sendo realizado tratamento para tristeza parasitária bovina. A doença progrediu e os animais apresentaram lesões cutâneas com eritema na região do úbere, focinho, face, orelhas e pescoço, com posterior alopecia e ocasionalmente prurido e descamação. Dois bovinos apresentaram tosse, dispneia e secreção nasal mucopurulenta, e em um animal observou-se diarreia com sangue. Dos cinco bovinos que morreram, dois foram necropsiados e apresentaram lesões semelhantes, com áreas alopécicas na pele, hidroperitônio, edema e hemorragia perirenal, parede de pré-estômagos e abomaso edemaciadas, e no abomaso ao corte, ulcerações multifocais na mucosa. Os linfonodos estavam aumentados de tamanho e com múltiplos nódulos amarelados firmes, o pulmão apresentou consolidação multifocal e exsudato purulento na luz de brônquios. Múltiplos nódulos milimétricos amarelos e firmes foram encontrados no coração, rins e bexiga. O fígado apresentava-se firme à palpação, vermelho-escuro, com distensão da vesícula biliar, e repleto de conteúdo grumoso, e o baço com hiperplasia de polpa branca. O material foi processado no Laboratório de Patologia Veterinária da Unoesc de Xanxerê e as lesões histológicas compreendem infiltrado acentuado de macrófagos, linfócitos, plasmócitos e histiócitos, associados a células gigantes em linfonodos, fígado, baço, coração, rins e bexiga. Na pele, necrose de derme superficial e na derme profunda, infiltrado leve multifocal de macrófagos e linfócitos perivascular. No pulmão, foram observados congestão e edema moderado difuso associado a infiltrado inflamatório em brônquios e bronquíolos. Dados epidemiológicos e clínicos associados às lesões macro e microscópicas caracterizam uma doença granulomatosa sistêmica característica de ingestão de V. villosa. As lesões cutâneas e granulomatosas em órgãos ocorrem quando os animais pastoreiam de duas semanas a seis meses em piquetes de V. villosa. As lesões granulomatosas, provavelmente, devem-se a uma reação de hipersensibilidade do tipo IV, na qual constituintes da planta sensibilizariam linfócitos e provocariam as lesões. O quadro clínico-patológico deve ser diferenciado de intoxicação por polpa cítrica e as lesões cutâneas de dermatite solar e fotossensibilização hepatógena, em razão da ingestão de Brachiaria e outras plantas hepatotóxicas.

Palavras-chave: Vicia villosa. Ervilhaca. Intoxicação. Lesão granulomatosa. Alopecia.

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Publicado

2014-10-09

Como Citar

Soares Severo, S. L., Rossetto, A., Sossanovicz, R. A., Naibo, W., Genari, V., Xavier da Rocha, R., & Biondo, N. (2014). INTOXICAÇÃO ESPONTÂNEA POR VICIA VILLOSA “ERVILHACA” EM BOVINOS QUE PASTOREAVAM EM ÁREA CONSORCIADA DE AZEVÉM E VICIA SP. Congresso Regional De Medicina Veterinária, 7–8. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/crmv/article/view/6024