DIFICULDADES ENFRENTADAS PELAS MULHERES DURANTE O PROCESSO DE PARTURIÇÃO

Autores

  • Camila Amthauer Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Gabriela Bertochi
  • Vanessa Nicodem
  • Aline Loebens
  • Jaqueline Griebeler Preuss
  • Érika Eberlline Pacheco dos Santos

Resumo

Introdução: A gestação é considerada um fenômeno significativo na vida de uma mulher. A medida que evolui, a futura mãe apresenta alterações fisiológicas, emocionais e psicológicas que vão se exacerbando com a proximidade do parto, que gera na mulher um temor à morte, à dor e ao parto traumático, além do surgimento de dúvidas e medos em relação ao bebê (MILBRATH et al., 2010). A partir da vivência destas alterações físicas e emocionais, as mulheres buscam assistência para as suas necessidades durante a gestação e o parto, trazendo consigo expectativas e preocupações (PIRES et al., 2010). Neste contexto, cabe ao profissional de saúde, em especial o enfermeiro, preparar a parturiente para o parto, para que ela possa vivenciar esse momento com autonomia e segurança e para que dessa forma, não ocorra a exacerbação dos seus medos e anseios. A confiança depositada nos profissionais é capaz de gerar na parturiente o sentimento de segurança, pois sentir-se cuidada durante o parto pode fazer com que a mulher tenha a sensação de que seu filho será bem cuidado (MILBRATH et al., 2010). Entretanto, são várias as dificuldades que as mulheres ainda passam ao enfrentar esse momento. Objetivo: Identificar as principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres durante o processo de parturição. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo descritivo-exploratório. O estudo foi realizado junto às mulheres que vivenciaram o processo de parturição, pertencentes à área de abrangência das Estratégias de Saúde da Família (ESF) localizadas no município de São Miguel do Oeste (SC). Os critérios de inclusão foram: a) ser maior de 18 anos; b) estar em período puerperal; e, c) pertencer à área de abrangência de uma das ESFs localizadas no município de estudo. Assim, para se ter acesso a essas informações entrou-se em contato com a Secretaria Municipal de Saúde do município, a fim de solicitar permissão para a realização deste estudo. Após seu consentimento, o projeto foi encaminhado para avaliação e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC). Logo depois da sua aprovação, foi realizada uma conversa com os enfermeiros das unidades para se identificar as possíveis participantes da pesquisa e em seguida, foi realizada consulta aos prontuários em consonância com os aspectos éticos. O convite para as participantes foi realizado por meio de contato telefônico, para agendamento das datas e horários das entrevistas, as quais foram realizadas na residência das participantes. Para a produção dos dados foi empregada uma entrevista semiestruturada, realizada no mês de julho de 2017. As entrevistas foram individuais, gravadas em áudio e transcritas de forma literal para fins de análise. Para análise dos dados obtidos, foi utilizada a análise de conteúdo do tipo temática, proposta por Minayo, dividida em três fases: pré analise, exploração do material, tratamento dos resultados obtidos, e interpretação (MINAYO, 2014). Para o desenvolvimento da pesquisa foram observados os aspectos éticos conforme a Resolução Nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Oeste de Santa Catarina, sob o CAAE número 69801417.1.0000.5367 e Parecer número 2.149.846. Resultados e discussão: fizeram parte do estudo doze puérperas, com faixa etária entre 18 e 39 anos e o período de puerpério variando de sete a quarenta dias. Quanto ao estado civil, seis são casadas e seis são solteiras. No que se refere à escolaridade, uma possui ensino fundamental incompleto, uma ensino fundamental completo, sete ensino médio completo e três possuem ensino superior completo. A experiência da parturição, para a maioria das mulheres entrevistadas, configurou-se como uma vivência marcada pela dor, pelo medo da dor e do sofrimento, havendo grande referência à intensidade da dor, descrita como uma dor insuportável, inexplicável, horrível e anormal. A ansiedade e o medo podem aumentar a percepção de sua intensidade, uma vez que se apresenta de forma individualizada e varia de acordo com a experiência da parturiente (OLIVEIRA et al., 2010). Além disso, os comentários de outras pessoas acabaram por repercutir de forma negativa a expectativa criada sobre o momento do parto, contribuindo para o aumento da ansiedade e o medo do desconhecido. O medo do desconhecido está presente principalmente em mães de primeira viagem, as quais se deparam com situações ainda não experimentadas na vida, sentindo-se mais vulneráveis, necessitando de maior apoio e auxílio emocional. Ainda, umas das dificuldades encontradas é a falta de um acompanhante nesse momento tão importante para a vida da mulher. Esse acontecimento pode resultar em vivências negativas na vida da parturiente, marcadas pelos sentimentos de solidão, medo, ansiedade e insegurança. Sendo que os maiores níveis de satisfação com o parto são encontrados na presença de um acompanhante, principalmente quando a escolha deste for realizada pela mulher (VELHO; SANTOS; COLLAÇO, 2014), além de ser um direito garantido por lei, a qual foi desenvolvida pelo Ministério da Saúde. Sentimentos como angústia, ansiedade e insegurança podem ser consequências do parto ser realizado em ambiente hospitalar, pois este ambiente acaba se tornando um ambiente estranho para a mulher e sua família (CARRARO et al., 2008). São vários os benefícios trazidos quando a mulher opta por ter um parto normal, no entanto, o medo de morrer, de não suportar a dor e o sentimento de incapacidade de parir acabam tornando as mulheres vulneráveis, o que acaba estimulando a escolha pelo parto cesárea (COPELLI et al., 2015). Segundo as mulheres entrevistadas, a maioria  acredita ser a pior dor sentida e maior do que imaginavam. Junto com a dor, pode acontecer a violência obstétrica, considerada qualquer prática realizada pelo profissional da saúde que envolve o corpo e os processos reprodutivos da mulher. Sabe-se que esse tipo de violência ocorre através de xingamentos, humilhações, ofensas, comentários que falte com respeito à mulher, fazendo com que ela se sinta humilhada e abandonada, o que pode ser observado através de algumas entrevistas realizadas. Outra dificuldade enfrentada foi a consulta de pré-natal, que foi realizada de forma inadequada, na qual os profissionais não repassam as informações necessárias para as gestantes, fazendo com que elas fiquem desassistisdas e ansiosas pela falta de orientação. Duas das entrevistadas mencionaram a falta de privacidade que tiveram de vivenciar, sendo que quanto maior a privacidade, melhor o trabalho de parto, pois a mulher conseguirá se entregar de forma mais profunda para esse momento especial. Outra dificuldade relatada se refere ao excesso de visitas que a mulher recebe após o nascimento do bebê. No período pós-parto a mulher ainda se sente muito cansada por todo processo que passou durante o trabalho de parto, e é necessário uma compreensão por parte dos visitantes ou mesmo orientação para que deixem a mãe e o filho descansarem. Muitas das entrevistadas atribuem como uma dificuldade vivenciada durante a parturição, a falta de atenção demandada pelos profissionais de saúde, os quais deixam de lado a sensibilidade que envolve o cuidar do outro. Além disso, outro empecilho foi para amamentar seu filho após o parto. Sabe-se que o aleitamento materno é muito importante para a criança ter um desenvolvimento saudável. Porém, logo após o nascimento do bebê, pode haver sua resistência em pegar o seio da mãe, normalmente devido às mudanças que ocorreram e até que ele se acostume com sua nova rotina. Desse modo, o puerpério se caracteriza como um momento difícil para a mulher, onde ela vive novas experiências, como amamentar, cuidar da criança e do lar, ser esposa e mãe (EDUARDO et al., 2005). Considerações finais: Como pôde ser observado, são várias as dificuldades enfrentadas pelas mulheres nesse momento tão importante e marcante em suas vidas. Assim, a Enfermagem tem um papel primordial durante esse momento, sendo responsável por prestar um atendimento humanizado, ouvir seus medos e anseios e tentar amenizá-los, transmitir apoio, carinho e atenção. Além de garantir que todos seus direitos sejam respeitados. Dentre as principais dificuldades vivenciadas pelas puérperas, destaca-se a dor sentida no processo de parir, a falta de privacidade, a falta de atenção da equipe de saúde, o excesso de visitas após o nascimento do bebê, a amamentação e a recuperação pós-parto. Tais fatores influenciaram no desenvolvimento de sentimentos negativos, o que ressalta a importância da Enfermagem em trabalhar não apenas com os aspectos físico e biológico, mas com toda gama de sentimentos inerentes à porção psicológica da mulher, cuidando da parturiente com uma visão holística de tudo que a cerca.

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Publicado

2018-08-31

Como Citar

Amthauer, C., Bertochi, G., Nicodem, V., Loebens, A., Preuss, J. G., & Santos, Érika E. P. dos. (2018). DIFICULDADES ENFRENTADAS PELAS MULHERES DURANTE O PROCESSO DE PARTURIÇÃO. Anuário Pesquisa E Extensão Unoesc São Miguel Do Oeste, 3, e18976. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/18976

Edição

Seção

ACV Resumos expandidos