Suicídio na graduação médica

Autores

  • Camila Barbosa Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Camila Bolsani Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Jaíne Schuh Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Élcio Luiz Bonamigo Universidade do Oeste de Santa Catarina

Resumo

Introdução: O suicídio é a concretização da falta de sentido da vida, é o ápice de um processo de “morrência” que costuma ser cometido por alguém que está definhando existencialmente, que deixou de acreditar em sua própria capacidade como ser humano e de transformar a dor em amor (FUKUMITSU, 2012). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2017), o suicídio é a segunda causa de morte em jovens entre 15 e 29 anos, e altas taxas prevalecem entre estudantes de medicina. Objetivo: Analisar o cenário de suicídio em acadêmicos de Medicina, sobretudo diante de variáveis específicas do seu cotidiano, além de propor estratégias de prevenção. Metodologia: Utilizou-se referencial de pesquisa descritiva com abordagem qualitativa revisando publicações na área da saúde com base em dados científicos do Scielo e Google Acadêmico. Resultados: Os estudantes de Medicina, no início de seu curso, apresentam alterações psicológicas com prevalência similar à observada em outras carreiras. Entretanto, isso parece se modificar conforme avançam em sua preparação, especialmente antes de entrar no internato e posteriormente durante a residência médica (DENIS-RODRÍGUEZ, 2017). Verifica-se que enfrentam um Curso desgastante e repleto de situações potencialmente estressantes. Expectativas e responsabilidades aumentam progressivamente durante o Curso, agregando tensões e angústias que atingem significativamente sua saúde mental (ARAGÃO et al., 2017). Os Transtornos Mentais Comuns (TMC) caracterizam-se por sintomas psiquiátricos não psicóticos, insuficientes para concluir diagnóstico formal, mas que comprometem o desempenho de atividades diárias. A prevalência de TMC em estudantes de Medicina é alta e preocupante. O Transtorno Depressivo varia amplamente, entre 13,9% e 79% (ARAGÃO et al., 2017), além do Transtorno de Ansiedade que, segundo Santa (2016), tem prevalência entre 20,1% e 79,9%. Em decorrência de o desenvolvimento de depressão e os sintomas de ansiedade estarem associados ao surgimento e à ideação suicida, é necessário que as instituições de ensino reconheçam esse cenário e se comprometam em amparar os estudantes. A formação acadêmica parece ainda estar excessivamente voltada para o desempenho intelectual, havendo negligência com a inteligência emocional e habilidades sociais necessárias ao crescimento profissional e ao bem-estar psicológico do indivíduo no decorrer do seu ofício. Nesse sentido, o treinamento de habilidades sociais surge como possibilidade de intervenção para atuar nesse contexto, a fim de colaborar com a formação humana, social e emocional dos profissionais (SANTA, 2016). O Grupo de Assistência Psicológica ao Aluno de Medicina da Faculdade de São Paulo (Grapal) obteve resultados positivos, reduzindo índices de suicídio por meio de acolhimento do acadêmico em momentos de crise. O Grapal credita a redução ao tratamento de casos de depressão, à compreensão da personalidade do acadêmico de Medicina, ao auxilio psicoterápico e às mudanças realizadas no currículo do Curso, visando menor sobrecarga e estresse (MILLAN, 2008). Conclusão: A partir dessa revisão, infere-se a necessidade de estudos de abrangência nacional sobre a conjuntura do suicídio em acadêmicos de Medicina, tendo em vista a escassez de dados representativos da realidade. Em busca da manutenção da saúde mental dos estudantes, sugere-se a identificação das variáveis comportamentais de risco e elaboração de intervenções semelhantes ao Grapal.

Palavras-chave: Suicídio. Medicina. Acadêmico. Saúde mental.

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Referências

ARAGÃO, J. et al. Saúde mental em estudantes de medicina. Revista de estudios e investigación en psicología y educación, v. extr., n. 14, 2017.

DENIS-RODRÍGUEZ, E. et al. Prevalência de ideação suicida em estudantes de medicina na América Latina: uma meta-análise. RIDE Rev. Iberoam. Investig. Desarro. Educ., Guadalajara, v. 8, n. 15, p. 387-418, 2017.

FUKUMITSU, K. O. Suicídio e Gestalt-terapia. São Paulo: Digital Publish & Print Editora, 2012.

MILLAN, L. R.; ARRUDA, P. C. V. de. Assistência psicológica ao estudante de medicina: 21 anos de experiência. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 54, n. 1, p. 90-94, 2008.

SANTA, N. D.; CANTILINO, A. Suicídio entre Médicos e Estudantes de Medicina: Revisão de Literatura. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 40, n. 4, p. 772-780, 2016.

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Publicado

2018-10-02

Como Citar

Barbosa, C., Bolsani, C., Schuh, J., & Bonamigo, Élcio L. (2018). Suicídio na graduação médica. Anais De Medicina, (1), 95–96. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/anaisdemedicina/article/view/18896

Edição

Seção

Resumos